Nascido na antiga Freguesia do Riacho do
Sangue, município de Jaguaretama, no Ceará, aos 29 dias do mês de agosto de
1831, e desencarnado no Rio de Janeiro, a 11 de abril de 1900.
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, no ano de 1838, entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, em dez meses apenas, preparou-se suficientemente até atingir o saber do mestre que lhe dirigia a primeira fase de educação. Bem cedo revelou sua fulgurante inteligência, pois, aos onze anos de idade, iniciava o curso de Humanidades e, aos treze, conhecia tão bem o latim, que ministrava a seus companheiros, aulas dessa matéria, substituindo o professor da classe em seus impedimentos.
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, no ano de 1838, entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, em dez meses apenas, preparou-se suficientemente até atingir o saber do mestre que lhe dirigia a primeira fase de educação. Bem cedo revelou sua fulgurante inteligência, pois, aos onze anos de idade, iniciava o curso de Humanidades e, aos treze, conhecia tão bem o latim, que ministrava a seus companheiros, aulas dessa matéria, substituindo o professor da classe em seus impedimentos.
Seu pai, o capitão das antigas milícias e
tenente-coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo,
de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em
fazendas de criação. Com a política, e por efeito do seu bom coração, que o
levou a dar abonos de favor a parentes e amigos que o procuravam para
explorar-lhe os sentimentos de caridade, comprometeu aquela fortuna.
Percebendo, porém, que seus débitos igualavam seus haveres, procurou os
credores e lhes propôs entregar tudo o que possuía o que era suficiente para
integralizar a dívida. Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo-lhe
que pagasse como e quando quisesse.
O velho honrado insistiu; porém, não conseguiu
demover os credores sobre essa resolução, por isso deliberou tornar-se mero
administrador do que fora sua fortuna, não retirando dela senão o que fosse
estritamente necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da
abastança às privações.
Animado do firme propósito de orientar-se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.
Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese Diagnóstica do Cancro. Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes.
Animado do firme propósito de orientar-se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.
Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese Diagnóstica do Cancro. Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes.
A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro
de membros titulares da Academia Imperial de Medicina, com a memória Algumas
Considerações sobre o Cancro encarado pelo lado do Tratamento. O parecer foi
lido pelo relator designado, Acadêmico José Pereira Rego, a 11 de maio de 1857,
tendo a eleição se efetuado a 18 de maio do mesmo ano e a posse a 1º de junho.
Em 1858, candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da
Faculdade de Medicina. Por intercessão do mestre Manoel Feliciano Pereira de
Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exército, Bezerra de Menezes foi nomeado seu
assistente, no posto de Cirurgião-Tenente.
Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal,
em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador, Haddock Lobo, sob a
alegação de ser médico militar. Objetivando servir o seu Partido que
necessitava dele a fim de obter maioria na Câmara, resolveu, Bezerra de
Menezes, afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo
ainda figurado em lista tríplice para uma cadeira no Senado.
Quando político levantou-se contra ele, a exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias que cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía.
Quando político levantou-se contra ele, a exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias que cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía.
Corria sempre à defesa do pobre, onde houvesse
um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o
recurso da ciência de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.
Desviado interinamente da atividade política e dedicando-se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou- se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel. Em 1875, era presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.
Desviado interinamente da atividade política e dedicando-se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou- se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá-la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel. Em 1875, era presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.
Retornando à política, foi eleito vereador em
1876, exercendo o mandato até 1880. Foi ainda Presidente da Câmara e Deputado
Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de O Livro dos Espíritos. Logo que esse livro saiu do prelo, levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando-o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, à uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!...
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de O Livro dos Espíritos. Logo que esse livro saiu do prelo, levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando-o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, à uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!...
Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava
em O Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a
mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz
vulgarmente, de nascença".
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na Rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na Rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
Bezerra era um religioso no mais elevado
sentido. Sua pena, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de
1887, foi posta a serviço do aspecto religioso do Espiritismo. Demonstrada a
sua capacidade literária no terreno filosófico e religioso, quer pelas
réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União
Espírita do Brasil, incumbiu-o de escrever, aos domingos, em O Paiz, tradicional
órgão da imprensa brasileira, a série de Estudos Filosóficos, sob o título O
Espiritismo. O Senador Quintino Bocaiuva, diretor daquele jornal de grande
penetração e circulação, "o mais lido do Brasil", tornou-se mesmo
simpatizante da Doutrina Espírita.
Os artigos de Max, pseudônimo de Bezerra de
Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. De novembro
de 1886 a dezembro de 1893, escreveu ininterruptamente, ardentemente.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: A Escravidão no Brasil e as medidas que convêm tomar para extingui-la sem dano para a Nação, Breves considerações sobre as secas do Norte, A Casa Assombrada, A Loucura sob Novo Prisma, A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica, Casamento e Mortalha, Pérola Negra, Lázaro − o Leproso, História de um Sonho, Evangelho do Futuro. Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas etc.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: A Escravidão no Brasil e as medidas que convêm tomar para extingui-la sem dano para a Nação, Breves considerações sobre as secas do Norte, A Casa Assombrada, A Loucura sob Novo Prisma, A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica, Casamento e Mortalha, Pérola Negra, Lázaro − o Leproso, História de um Sonho, Evangelho do Futuro. Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas etc.
Foi um dos redatores de A Reforma, órgão
liberal da Corte, e redator do jornal Sentinela da Liberdade.
Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que, sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro − esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida."
Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que, sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro − esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida."
Em 1883, reinava um ambiente francamente
dispersivo no seio do Espiritismo brasileiro e os que dirigiam os núcleos
espíritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais bem
estruturada e que, por isso mesmo, se tornasse mais indestrutível.
Os Centros, nos quais se ministravam a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia a sua atividade em um determinado setor, sem conhecimento das atividades dos demais. Esse sentimento levou-os à fundação da Federação Espírita Brasileira.
Os Centros, nos quais se ministravam a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia a sua atividade em um determinado setor, sem conhecimento das atividades dos demais. Esse sentimento levou-os à fundação da Federação Espírita Brasileira.
Nessa época já existiam muitas sociedades
espíritas; porém, as únicas que mantinham a hegemonia de mando eram quatro: a
Acadêmica, a Fraternidade, a União Espírita do Brasil e a Federação Espírita
Brasileira, entretanto, logo surgiram entre elas vivas discórdias.
Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando prescrições das importantes instruções recebidas do plano espiritual pelo médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso Centro Espírita, o que, entretanto, não impediu que Bezerra desse a sua colaboração a todas as outras instituições. O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único frequentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando prescrições das importantes instruções recebidas do plano espiritual pelo médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso Centro Espírita, o que, entretanto, não impediu que Bezerra desse a sua colaboração a todas as outras instituições. O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único frequentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
Em 1893, a convulsão provocada no Brasil pela
Revolta da Armada ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou
não. No natal do mesmo ano, Bezerra encerrou a série de Estudos Filosóficos,
que vinha publicando em O Paiz.
Em 1894, o ambiente mostrou tendências para melhora e o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar o movimento espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, cargo que ocupou até a sua desencarnação.
Iniciava-se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria.
Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa. Ora o rico, ora o pobre, ora o opulento, ora o que nada possuía.
Em 1894, o ambiente mostrou tendências para melhora e o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar o movimento espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, cargo que ocupou até a sua desencarnação.
Iniciava-se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria.
Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa. Ora o rico, ora o pobre, ora o opulento, ora o que nada possuía.
Ninguém desconhecia a luta tremenda em que se
debatia a família do grande apóstolo do Espiritismo. Todos conheciam suas
dificuldades financeiras, mas ninguém teria a coragem de oferecer fosse o que
fosse, de forma direta. Por isso, os visitantes depositavam suas espórtulas,
delicadamente, debaixo do seu travesseiro. No dia seguinte, a pessoa que lhe
foi mudar as fronhas, surpreendeu- se por ver ali desde o tostão do pobre até a
nota de duzentos mil réis do abastado!...
Ocorrida a sua desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar-lhe a última visita.
Ocorrida a sua desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar-lhe a última visita.
No dia 17 de abril, promovido por Leopoldo
Cirne, reuniram-se alguns amigos de Bezerra para chegarem a um acordo sobre a
melhor maneira de amparar a sua família. Nesse propósito, foi formada uma
comissão que funcionou sob a presidência de Quintino Bocaiuva, Senador da República,
para se promover espetáculos e concertos em benefício da família daquele que
mereceu o cognome de "Kardec Brasileiro".
Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinquenta mil réis (antiga moeda brasileira) para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo.
Desesperado − uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida − e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.
Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinquenta mil réis (antiga moeda brasileira) para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo.
Desesperado − uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida − e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.
Poucos dias após bateram-lhe à porta. Era um
moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de
Matemática.
Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando-se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.
O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou-lhe então a quantia de cinquenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu-se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.
Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando-se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.
O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou-lhe então a quantia de cinquenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu-se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.
No ano de 1894, em face das dissensões
reinantes no seio do Espiritismo brasileiro, alguns confrades, tendo à frente o
Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidar Bezerra a fim de assumir a
presidência da Federação Espírita Brasileira.
Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou- se a seguinte conversação:
− Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.
Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou- se a seguinte conversação:
− Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.
− O trabalhador da vinha, disse Bittencourt
Sampaio, é sempre amparado. A Federação pode estar errada na sua propaganda
doutrinária, mas possui a Assistência aos Necessitados, que basta por si só
para atrair sobre ela as simpatias dos servos do Senhor.
− De acordo. Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata. Isto, aliás, me tem criado sérias dificuldades, tornando-me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão.
− De acordo. Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata. Isto, aliás, me tem criado sérias dificuldades, tornando-me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão.
− E por que não te tornas médico homeopata? Disse
Bittencourt.
− Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.
Nessa altura, o médium Frederico Júnior, incorporando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:
− Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.
− Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?
− Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Homeopatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo-te, quando precisares, novos discípulos de Matemática...
− Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.
Nessa altura, o médium Frederico Júnior, incorporando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:
− Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.
− Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?
− Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Homeopatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo-te, quando precisares, novos discípulos de Matemática...
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