Há
dias que parecem não ter sido feitos para ti.
Amontoam-se
tantas dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis aborrecimentos, que
chegas a pensar que conduzes o globo do mundo sobre os ombros dilacerados.
Desde
cedo, ao te ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral do
companheiro ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau
humor conseguiu acumular ao longo da noite.
Sentes
o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos
momentos seguintes.
Sais
à rua, para atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas com
a agrestia de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os convertem
em armas contra os outros; constatas o azedume do funcionário ou do balconista
que te atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te entregar
produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil. Mesmo
assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em torno.
Encontras-te
com familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo o quadro
dos problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos,
perturbando a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as
tuas angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma. Em tais
circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a
vida até um novo encontro.
São
esses os dias em que as palavras que dizes recebem negativa interpretação, o
carinho que ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas
reservas são vistas como soberba ou má vontade. Se falas, ou se calas,
desagradas.
Em
dias assim, ainda quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres muito
e a costumeira tendência, nessas ocasiões, é a da vitimização automática,
quando se passa a desenvolver sentimentos de autopiedade.
No
entanto, esses dias infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para que
não nos percamos nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes
perturbadores.
São
dias de avaliação, de testes impostos pelas regentes leis da vida terrena,
desejosas de que te observes e verifiques tuas ações e reações à frente das
mais diversas situações da existência.
Quando
perceberes que muita coisa à tua volta passa a emitir um som desarmônico aos
teus ouvidos; se notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da
ácida crítica, o teu dever será o de te ajustares ao bom senso. Instrui-te com
as situações e acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor
as circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim,
evoluas.
Não
te olvides de que ouvimos a voz do Mestre Nazareno, há distanciados dois
milênios, a dizer-nos: No mundo só tereis aflições...
Conhecedores
dessa realidade, abrindo a alma para compreender que a cada dia basta o seu
mal..., tratarás de te recompor, caso tenhas te deixado ferir por tantos
petardos, quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da ventania.
Curvar-se, deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com tranquilidade,
passado o momento difícil.
Há,
de fato, dias difíceis, duros, caracterizando o teu estado de provações indispensáveis
ao teu processo de evolução. A ti, porém, caberá erguer a fronte buscando o
rumo das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a Deus por
poderes afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.
Nos
dias difíceis da tua existência, procura não te entregares ao pessimismo, nem
ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa,
que te inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu gesto mais
infeliz.
Põe-te
de pé, perante quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos deveres de
aprender, servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo terrestre.
Se
lograres a superação suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido
mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que
a Terra se encontra engolfada.
Confia
na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e segue com entusiasmo para
a conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual for ou como for
cada um dos teus dias.
Pelo
Espírito Camilo
Psicografia
de José Raul Teixeira
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