Além disso, foi provavelmente a primeira grande personagem espírita nascida em uma família espírita. Apenas para recordar, Allan Kardec tomou conhecimento dos fenômenos espíritas aos 50 anos e Léon Denis era adolescente quando ouviu falar pela primeira vez do Espiritismo. Gabriel Delanne nasceu em família espírita. Seu pai, Alexandre Delanne, acompanhou de perto os trabalhos de Allan Kardec, tendo formado um pequeno grupo familiar de estudos espíritas e como médium escrevente sua esposa (e mãe de Gabriel) Alexandrine Delanne.
Portanto, desde criança Gabriel Delanne estava familiarizado com o vocabulário espiritista e assistiu, desde muito pequeno, a numerosas sessões espíritas. Delanne, inclusive, travou contato com o mestre Kardec na sua infância – Kardec faleceu quando Delanne tinha 12 anos de idade.
Uma vida atribulada e sofrida
Gabriel Delanne iniciou seus estudos no colégio Cluny (em Saone-et-Loire), depois no colégio de Grau (em Haute-Soane) e, aos 19 anos, ingressou na Escola Central das Artes e Manufatura. Como a situação financeira de seus pais não permitiu a conclusão de seus estudos começou a trabalhar na Companhia de Ar Comprimido e de Eletricidade Popp, onde esteve até 1892, dividindo seu tempo entre seu trabalho e sua dedicação ao Espiritismo.
Delanne não gozava de boa saúde. De menino tinha um abscesso no olho esquerdo – pelo qual foi isento do serviço militar –, o qual resultou numa infecção que iria progressivamente prejudicar sua visão. No curso dos anos seu estado de saúde foi se agravando. Em 1906, a paralisia dos membros inferiores obrigava-o a andar com duas bengalas. Nem por isso abandonou as conferências na França e no exterior, sempre divulgando as ideias espíritas. No período da I Guerra (1914/18), a saúde de Delanne piorou ainda mais. Cada movimento era um grande sofrimento e ainda por cima ficou cego. Em 1918, já não conseguia mais andar sendo necessário o uso de cadeira de rodas. Não obstante todos os sofrimentos físicos continuaram produzindo incessantemente, retirado na vila de Montmorency, onde Jean Myer lhe havia dado asilo.
Sua morte ocorreu em 15 de fevereiro, de 1926, aos 69 anos de idade. Sua sepultura se encontra no famoso cemitério parisiense de Pere Lachaise.
Contribuições ao Espiritismo
Como já dito, Gabriel Delanne marcou a transição e a continuação da obra de Kardec. Defensor ferrenho do caráter científico da Doutrina Espírita, dedicou a maior parte de seus esforços na luta por consolidar o Espiritismo como uma ciência estabelecida e complementar às outras. Foi presidente da União Espírita Francesa, presidente da Sociedade de Estudos dos Fenômenos Psíquicos, fundador e diretor da Revista Científica e Moral de Espiritismo. Escritor de grande talento, dentre suas principais obras, destacam-se:
O Espiritismo Perante a Ciência; O Fenômeno Espírita; A Evolução Anímica; A Reencarnação; A Alma é Imortal; Katie King; As Materializações da Vila Carmem
Marcam suas obras a defesa ferrenha dos conceitos espíritas e o combate ao materialismo. Utilizando o método racional empregado na época, faz uso de casos e observações para comprovar suas hipóteses. Apesar de aceitar a revelação dos Espíritos, sempre procurou a comprovação através dos fatos.
Certamente, sua maior contribuição ao Espiritismo foi à tese do perispírito. Se o conceito do perispírito havia sido introduzido por Allan Kardec, foi Delanne quem o definiu, estudou e atribuiu diversas funções na economia corporal e espiritual. Vitalista atribui ao perispírito a resposta às questões pendentes de sua época:
Como explicar a vida? Por que se morre? Como a estabilidade orgânica é mantida frente à renovação celular constante? Como explicar a ação inteligente da alma sobre o corpo? Onde se localiza a memória? Como se dá a evolução anímica?
Para todas essas questões Delanne ofereceu como resposta a existência do perispírito, suas características e funções. Além disso, desenvolveu brilhante explicação acerca dos fenômenos espíritas, novamente utilizando o perispírito como peça central, sempre ressaltando que o Espiritismo não tinha nada de sobrenatural e se calcava em bases naturais, ou seja, na existência desse corpo físico, porém etéreo, ponte entre a alma e o corpo físico. Introduziu também com muita força a noção do fluido vital. Finalmente, atribuiu ao perispírito a sede da memória, estabelecendo assim uma ligação entre a reencarnação e a evolução anímica.
De certa forma, todo o desenvolvimento científico tentado por diversos autores espíritas, como André Luiz e Hernani G. Andrade, baseia-se nos postulados de Delanne. É mister admitir que o progresso da ciência demonstrou que várias hipóteses de Delanne estavam incorretas; porém, é notável o esforço feito por ele para colocar o Espiritismo par a par com a ciência, não só pelo método empregado, mas pela busca constante de fatos que comprovem suas proposições.
A leitura de suas obras mostra um Delanne apaixonado, convencido da força das ideias espíritas e, mais que tudo, consciente do impacto moral dessas, como nos atesta o seguinte trecho da conclusão de sua obra A Evolução Anímica (FEB):
Com a certeza das vidas sucessivas e da responsabilidade dos nossos atos, muitos problemas revelar-se-ão sob novos prismas. As lutas sociais, que atingem, nesta nossa época, um caráter de aguda aspereza, poderão ser suavizadas pela convicção de não ser a existência planetária mais que um momento transitório no curso de uma eterna evolução.
Com menos orgulho nas camadas altas e menos inveja nas baixas, surgirá uma solidariedade efetiva, em contato com estas doutrinas consoladoras, e talvez possamos ver desaparecer da face da Terra às lutas fratricidas, ineptos frutos da ignorância, a se dissiparem diante dos ensinamentos de amor e fraternidade, que são a coroa radiosa do Espiritismo.
Por toda sua dedicação à ideia espírita, na defesa do aspecto científico do Espiritismo e por seu humanismo, Gabriel Delanne merece lugar de destaque entre os pensadores que contribuíram para a evolução da ideia espírita no século XX.
Gabriel Delanne iniciou seus estudos no colégio Cluny (em Saone-et-Loire), depois no colégio de Grau (em Haute-Soane) e, aos 19 anos, ingressou na Escola Central das Artes e Manufatura. Como a situação financeira de seus pais não permitiu a conclusão de seus estudos começou a trabalhar na Companhia de Ar Comprimido e de Eletricidade Popp, onde esteve até 1892, dividindo seu tempo entre seu trabalho e sua dedicação ao Espiritismo.
Delanne não gozava de boa saúde. De menino tinha um abscesso no olho esquerdo – pelo qual foi isento do serviço militar –, o qual resultou numa infecção que iria progressivamente prejudicar sua visão. No curso dos anos seu estado de saúde foi se agravando. Em 1906, a paralisia dos membros inferiores obrigava-o a andar com duas bengalas. Nem por isso abandonou as conferências na França e no exterior, sempre divulgando as ideias espíritas. No período da I Guerra (1914/18), a saúde de Delanne piorou ainda mais. Cada movimento era um grande sofrimento e ainda por cima ficou cego. Em 1918, já não conseguia mais andar sendo necessário o uso de cadeira de rodas. Não obstante todos os sofrimentos físicos continuaram produzindo incessantemente, retirado na vila de Montmorency, onde Jean Myer lhe havia dado asilo.
Sua morte ocorreu em 15 de fevereiro, de 1926, aos 69 anos de idade. Sua sepultura se encontra no famoso cemitério parisiense de Pere Lachaise.
Contribuições ao Espiritismo
Como já dito, Gabriel Delanne marcou a transição e a continuação da obra de Kardec. Defensor ferrenho do caráter científico da Doutrina Espírita, dedicou a maior parte de seus esforços na luta por consolidar o Espiritismo como uma ciência estabelecida e complementar às outras. Foi presidente da União Espírita Francesa, presidente da Sociedade de Estudos dos Fenômenos Psíquicos, fundador e diretor da Revista Científica e Moral de Espiritismo. Escritor de grande talento, dentre suas principais obras, destacam-se:
O Espiritismo Perante a Ciência; O Fenômeno Espírita; A Evolução Anímica; A Reencarnação; A Alma é Imortal; Katie King; As Materializações da Vila Carmem
Marcam suas obras a defesa ferrenha dos conceitos espíritas e o combate ao materialismo. Utilizando o método racional empregado na época, faz uso de casos e observações para comprovar suas hipóteses. Apesar de aceitar a revelação dos Espíritos, sempre procurou a comprovação através dos fatos.
Certamente, sua maior contribuição ao Espiritismo foi à tese do perispírito. Se o conceito do perispírito havia sido introduzido por Allan Kardec, foi Delanne quem o definiu, estudou e atribuiu diversas funções na economia corporal e espiritual. Vitalista atribui ao perispírito a resposta às questões pendentes de sua época:
Como explicar a vida? Por que se morre? Como a estabilidade orgânica é mantida frente à renovação celular constante? Como explicar a ação inteligente da alma sobre o corpo? Onde se localiza a memória? Como se dá a evolução anímica?
Para todas essas questões Delanne ofereceu como resposta a existência do perispírito, suas características e funções. Além disso, desenvolveu brilhante explicação acerca dos fenômenos espíritas, novamente utilizando o perispírito como peça central, sempre ressaltando que o Espiritismo não tinha nada de sobrenatural e se calcava em bases naturais, ou seja, na existência desse corpo físico, porém etéreo, ponte entre a alma e o corpo físico. Introduziu também com muita força a noção do fluido vital. Finalmente, atribuiu ao perispírito a sede da memória, estabelecendo assim uma ligação entre a reencarnação e a evolução anímica.
De certa forma, todo o desenvolvimento científico tentado por diversos autores espíritas, como André Luiz e Hernani G. Andrade, baseia-se nos postulados de Delanne. É mister admitir que o progresso da ciência demonstrou que várias hipóteses de Delanne estavam incorretas; porém, é notável o esforço feito por ele para colocar o Espiritismo par a par com a ciência, não só pelo método empregado, mas pela busca constante de fatos que comprovem suas proposições.
A leitura de suas obras mostra um Delanne apaixonado, convencido da força das ideias espíritas e, mais que tudo, consciente do impacto moral dessas, como nos atesta o seguinte trecho da conclusão de sua obra A Evolução Anímica (FEB):
Com a certeza das vidas sucessivas e da responsabilidade dos nossos atos, muitos problemas revelar-se-ão sob novos prismas. As lutas sociais, que atingem, nesta nossa época, um caráter de aguda aspereza, poderão ser suavizadas pela convicção de não ser a existência planetária mais que um momento transitório no curso de uma eterna evolução.
Com menos orgulho nas camadas altas e menos inveja nas baixas, surgirá uma solidariedade efetiva, em contato com estas doutrinas consoladoras, e talvez possamos ver desaparecer da face da Terra às lutas fratricidas, ineptos frutos da ignorância, a se dissiparem diante dos ensinamentos de amor e fraternidade, que são a coroa radiosa do Espiritismo.
Por toda sua dedicação à ideia espírita, na defesa do aspecto científico do Espiritismo e por seu humanismo, Gabriel Delanne merece lugar de destaque entre os pensadores que contribuíram para a evolução da ideia espírita no século XX.
O Consolador
Revista Espírita
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