quinta-feira, 5 de junho de 2014

SENTIMENTOS E EMOÇÕES NOS ESPÍRITOS DESENCARNADOS



Os diversos sentimentos e emoções, positivos ou negativos, cultivados pela humanidade terrena se transferem para o Mundo dos Espíritos. Isso já se deduz de tudo quanto vimos em temas aqui tratados anteriormente. O ódio, o orgulho, a inveja, a avareza, a luxúria, a dedicação, a tristeza, a fraternidade, a alegria entre outros. Até mesmo lágrimas os desencarnados derramam para manifestar o que lhes vai no íntimo.
Os Espíritos comunicantes insistem em esclarecer aos que ainda permanecem na Terra sobre a situação dos desencarnados no Mundo Espiritual. Já Foi dito que a diversidade de caracteres é infinita, a depender de cada indivíduo, de suas vidas anteriores, das atitudes e hábitos que conservou. Encontramos, na Revista Espírita, de Allan Kardec, em seu n° 4, de abril de 1859 os seguintes esclarecimentos:

Há sensações que têm por fonte o próprio estado dos nossos órgãos. Ora, as necessidades inerentes ao corpo não e podem verificar desde que não exista mais corpo. Assim, pois, o Espírito não experimenta nenhuma fadiga, como nenhuma das nossas enfermidades. As necessidades o corpo determinam necessidades sociais, que para eles não existem. Assim não mais existem as preocupações dos negócios, as discórdias, as mil e umas tribulações do mundo e os tormentos a que nos entregamos para nos proporcionarmos às necessidades ou as superfluidades da vida. Eles têm pena do esforço que fazemos por causa de futilidades. Entretanto, quanto mais felizes são os Espíritos elevados, tanto mais sofrem os inferiores.
Mas esses sofrimentos são angústias; e, embora nada tenham de físico, nem por isso são menos pungentes: eles têm todas as paixões e todos os desejos que tinham em vida (referimo-nos aos Espíritos inferiores) e seu castigo é o de não poder satisfazê-los. Isto é para eles uma tortura que julgam eterna, porque sua própria inferioridade não lhes permite ver o término, o que é para eles um castigo.

Faz parte do aprendizado dos estudantes desencarnados a observação de comportamento dos Espíritos na erraticidade. Há os que alcançaram um equilíbrio e se dedicam à obras beneficentes, como, também, os apegados aos locais de opróbrio e de vícios. Os que abusam do álcool rondam as tabernas terrenas, imantados a encarnados que abusam da bebida. Outros arrastam, durante longos períodos, sofrimentos intoleráveis, criados pela própria mente dementada. Conservam sentimentos vis; continuam a mentir e a instigar conflitos entre os encarnados.
Suas feições, assim como todo o corpo, tomam características hediondas que, segundo informações do Mundo Espiritual, causam pavor. São Espíritos malignos que espalham a sua perversidade, contaminando os desavisados que se encontram, de qualquer forma, impregnados de sentimentos inferiores e paixões repugnantes. Alimentam-se eles de emanações venenosas desprendidas da excitação colérica e dos fluidos animalizados dos seus semelhantes. Esses Espíritos necessitam, quase sempre, de um tratamento nos dois planos — espiritual e terreno — através de uma doutrinação segura e constante.

Yvonne A. Pereira, em Recordações da Mediunidade, dedica o capítulo 10 ao problema das obsessões resultantes do assédio dos Espíritos sobre os encarnados e alerta para a importância do trabalho e esclarecimento e reabilitação que deve ser realizado por especialistas no assunto. Diz ela que:

Um dos mais belos estudos que o Espiritismo faculta aos seus adeptos é, certamente, aquele a que os casos de obsessão nos arrastam. Temos para nós que esse difícil aprendizado, essa importante ciência de averiguar obsessões, obsessores e obsidiados deveria constituir especialidade entre os praticantes do Espiritismo, isto é, médiuns, residentes de mesa, médiuns denominados passistas, etc. assim como existem médicos pediatras, oculistas, neurologistas, etc., etc., também deveriam existir espíritas especializados nos casos de tratamento de obsessões, visto que a estes será necessária uma dedicação absoluta a tal peculiaridade da Doutrina, para levar a bom termo o mandato.
Tal ciência, porém, não se poderá limitar à teoria, e querendo antes paciente e acurada observação em torno dos casos de obsessão que se apresentem no limite de Ação de cada um, pois é sabido que a observação pessoal, a prática no exercício do sublime mandato espírita enriquece de tal forma os nossos conhecimentos em torno de cada caso com que nos defrontamos que, cada um deles, ou seja, cada obsidiado que se nos depare em nossa jornada de espíritas, constituirá um tratado de ricas possibilidades de instrução e aprendizado, visando à cura, quando a cura seja possível.
O Espírito David Hacht, em Cartas de um Morto Vivo, apresenta um caso de avareza; espetáculo repulsivo que presenciara de um desencarnado. Narra o fato e analisa as consequências da ambição no Mundo Espiritual. Assistiu ele a um... (...) avarento a contar o seu dinheiro, e vi os olhares terríveis dos Espíritos espreitando avidamente o seu menor movimento. O ouro possui uma influência especial além do seu poder de aquisição e de tudo que se lhe acha ligado. Há Espíritos que amam o ouro como o avarento, com a mesma paixão avassalante, ambiciosa, que nada satisfaz.
Entretanto, no Além-Túmulo há, também, aqueles que dedicam seu tempo ao auxílio e ao progresso geral, pois já cultivam bons sentimentos, como o Amor, a Caridade e a Fraternidade. Entre eles não há lugar para a inércia e a preguiça. A prece, o trabalho, a alegria e os ideais superiores fazem parte do seu cotidiano. São os benfeitores do Espaço, aliados das Esferas Superiores, que recebem a tarefa de instruir Espíritos mais atrasados e aspiram à dignidade do Mestre Jesus.


Lúcia Loureiro
Fonte: A Casa do Espiritismo

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