“A
dor é uma bênção que Deus nos envia” — diz-nos o verbo iluminado da Codificação
Kardequiana, e ousaríamos acrescentar que é também o remédio que solicitamos no
limiar da existência terrestre.
Espíritos
enfermos e endividados, rogamos, antes do berço, os problemas e as provações suscetíveis
de propiciar-nos a alegria da cura e a bênção do resgate.
Entre
votos de esperança e lágrimas de angústia, pedimos em prece o reencontro com
antigos desafetos de nossa estrada, pedimos as deformidades orgânicas, as
moléstias ocultas, as mutilações dolorosas, o pauperismo inquietante, os golpes
de calúnia, as desilusões afetivas, a incompreensão dos mais amados e os
enigmas do sofrimento junto daqueles que se erigem à posição de nossos credores
na Contabilidade Divina; entretanto, em plenitude das energias físicas, quase
sempre recuamos ante os cálices de amargura, exigindo conforto imediatista e
vantagens materiais, à feição de doentes enceguecidos recusando o medicamento
que lhes prodigalizará a recuperação, ou à maneira de alunos preguiçosos e
imprudentes fugindo sistematicamente à lição...
Lembremo-nos,
pois, de que a luta é concessão celeste e de que a dificuldade é benfeitora do
coração.
Aceitamo-las
no caminho, não apenas com a noção da justiça que, por vezes, exageramos até a
flagelação da secura, nem somente com o bordão da coragem que, em muitas
ocasiões, transformamos em perigosa temeridade, mas, acima de tudo, com a
humildade da paciência que tudo compreende para tudo ajudar e purificar, na
jornada de nossa cruz redentora, pela qual, entre a serenidade e o amor,
encontraremos por fim a imortalidade vitoriosa.
Emmanuel
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