segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

CLARAMENTE VIVOS


Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o espírito amado que partiu. Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança. Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.
Emmanuel


A morte é apenas uma passagem para a vida no mais além. A morte não é o fim, é apenas um portal que leva o espírito para outras dimensões do universo. Impossível que a pessoa que você tanto amou nesta vida esteja morta! Ela continua viva, apenas habita o mundo dos espíritos, de onde viemos e para onde regressaremos.
Deus, que é amor e que nos criou por amor e para o amor, não teria o capricho de pedir que as pessoas se amassem para, depois, sarcasticamente, fazê-las desaparecer para sempre, para o nada, como se nunca tivessem existido. Eu não creio nesse deus desumano e cruel! Creio no Deus que nos ensinou a amar de forma tão grandiosa, que esse amor se tornasse eterno, que superasse as barreiras do tempo, lugar, forma, e durasse pelo infinito.
Por isso, além da morte física, nossos amores continuam vivos, habitando uma das infinitas moradas existentes na casa do Pai, conforme afirmou Jesus. Eles nos sentem, porque os laços de afeto que construímos não se rompem com a morte do corpo. O amor é mais forte do que a morte! Não os tratemos como mortos, como se não participassem mais da nossa vida. Eles nos percebem, nos acompanham, torcem pelo nosso sucesso, oram por nós e precisam também do nosso ânimo, do nosso riso, das nossas conversas e das nossas preces.
Podemos chorar de saudade – eles vão se emocionar. Mas não choremos o desespero – eles vão sofrer. Podemos até nos entristecer por não os vermos ao nosso lado – eles entenderão. Mas não façamos da nossa vida uma tristeza contínua. Eles ficarão mais tristes ainda! 
Mesmo com a saudade e o leve aperto no coração, prossigamos a nossa vida, cumprindo as nossas tarefas e obrigações, pois o mais leve sinal de que perdemos o rumo da nossa existência pela falta que eles nos fazem representará para eles um fardo a mais de angústia e sofrimento. Se os amamos de fato, não temos o direito de afligi-los e perturbá-los na vida que também segue para eles, porque, em síntese, a morte é a grande mensageira da renovação para todos nós.

E, se perceberem, também, que o tempo que teríamos ao lado deles foi transformado em dedicação aos que mais sofrem, uma ponte de luz se estabelecerá entre nós e eles, pois sentirão que o amor que nos uniu um dia, hoje, está alimentando outras vidas. Muitos jovens que desencarnam somente encontram paz no mundo espiritual quando veem os pais destinando o tempo que teriam ao lado deles no auxílio a jovens ou crianças que, aqui na Terra, se encontram em situação de carência e abandono.
Quando a saudade se veste de caridade, o amor cura a angústia da separação, seja para nós que ficamos, seja para os que partiram. O grão tem que morrer para germinar e dar novos frutos. Eis o ciclo da vida: o grão que morre e se transforma em pão para saciar a fome de muitos. 

José Carlos De Lucca 

Livro Pensamentos que Ajudam

A morte explicada por uma criança com câncer terminal


Segunda-feira, 24 de outubro de 2016.

“Quando eu morrer, acho que minha mãe vai ficar com saudade. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!”
Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional… Comecei a frequentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria.
Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças.
Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano!
Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
— Tio, disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores… Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Indaguei: — E o que morte representa para você, minha querida?
– Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.) É isso mesmo.
– Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei “entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.
– E minha mãe vai ficar com saudades – emendou ela.
Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:
– E o que saudade significa para você, minha querida?
– Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica!
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega, se o céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo “meu anjo”, que brilha e resplandece no céu.
Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa.

Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O amor que ficou é eterno.

JOVEM RAPAZ DE 23 ANOS


Quanto sofrimento, muita dor, muita solidão e desespero. Minha fé? Não me lembrava dela e nem que existia um Deus.
Infelizmente a doença quando vem e nos deixa impossibilitado de viver a vida que tanto desejamos e nos deixa a beira da loucura, do desespero, os questionamentos são muitos e não tem respostas, bem não tinha!
Hoje desencarnado muito me foi esclarecido, mas ainda continuo em tratamento e cada dia com explicações e estudo consigo entender um pouco o porquê de tudo isso que eu vivi.
Sou um jovem rapaz de 23 anos, estudante universitário, estagiário em uma grande empresa onde eu pensava em conquistar o meu primeiro emprego e assim ser um grande profissional, atleta, adorava esporte, opa! Adoro ainda, não deixei de gostar das minhas opções como esporte, profissão, cor, etc... Isso também me deixou inquieto e pensativo, como? Eu ainda gosto das mesmas coisas, mas não pertenço mais a vida corpórea? Eu achava que seria uma outra pessoa, mas não sou o mesmo com as mesmas manias e etc...
Um dia pela manhã fiz o meu lanche matinal como de costume e fui para o meu banho, quando me ocorreu um sangramento nasal, fiquei tranquilo, mas um pouco preocupado, não era comum e eu sempre cuidei muito da minha saúde.
Olha tinha muito medo de adoecer e sofrer em uma cama com pessoas em minha volta chorando, escondendo a verdadeira situação e enfim, a doença era o meu temor e fiquei o dia todo com aquela preocupação e resolvi ir ao médico, por sinal um excelente profissional, que não fez vista grossa e sim foi fundo saber o porquê do sangramento, graças a Deus ele encontrou e já me encaminhou para uma especialista que já me indicou um tratamento radical a base de quimioterapia e radioterapia, enfim vocês já sabem qual doença eu vivi e lutei até o fim.
É infelizmente o câncer me venceu, mas em nenhum momento eu achei que ia me vencer, acho que isso foi o que Deus gostou em mim e não deixou que eu ficasse muito doente a ponto de ter pessoas me limpando e chorando em meu leito, eu desencarnei sim, mas me achando um vencedor.
Não lembrei de rezar, fazer preces, orar e nem promessas, eu queria vencer aquele momento ruim em que eu estava vivendo e não pensava em morte e lamentos e sim viver. Tinha fé, mas não orava porque não queria parecer um fraco perante a Deus e ficar lamentando e mostrar que era capaz de vencer.
Eu lutei contra uma doença grave, mas ela não me venceu, ela simplesmente foi um instrumento, ou melhor, uma causa para me levar para o meu plano espiritual, era o meu momento, era o momento do meu fim, ou melhor, o meu recomeço na vida espiritual.
Sou feliz.

Glauco Barbosa Filho.

Psicografia recebida em 2016.
Médium: M. Nicodemos.

A bênção do esquecimento



Um dos postulados básicos do espiritismo é o da pluralidade das existências ou reencarnação. A evolução dos espíritos exige inúmeras existências para aperfeiçoar-se.
Todos são criados simples e ignorantes, mas seu destino é tornarem-se anjos.
A magnitude da meta evidencia a impossibilidade de ser alcançada no curto espaço de uma vida terrena.
Um questionamento frequentemente levantado a essa ideia refere-se ao esquecimento das existências passadas.
Afirma-se que esse olvido é contraproducente.
Se já vivemos muitas vezes na terra, por que não nos lembramos?
Segundo alguns, a lembrança auxiliaria a não repetir os equívocos do passado. Também serviria de incentivo à adoção de um patamar nobre de conduta.
Afinal, seria possível correlacionar as dores atuais a específicos erros de outrora. Consequentemente, as criaturas teriam interesse em agir com dignidade.
A crítica é sedutora, mas não resiste a uma análise criteriosa.
Tenha-se em mente que o esquecimento constitui a regra geral.
Raras pessoas têm, naturalmente, a lembrança de seu agir em outras existências.
A sabedoria divina certamente possui razões para assim estabelecer.
Convém recordar que a lei do progresso rege a vida.
Toda a criação está em permanente processo de evolução e metamorfose.
Na conformidade dessa lei, os espíritos não retroagem em suas conquistas. As posições sociais mudam constantemente, mas ninguém é hoje pior do que já foi um dia.
As conquistas morais e intelectuais dos espíritos jamais são perdidas.
Assim, cada homem hoje se encontra no auge de seu processo evolutivo. Ninguém nunca foi no passado mais bondoso ou nobre do que é agora.
Ocorre que a maioria absoluta da humanidade possui atualmente inúmeras mazelas morais.
Isso evidencia que o passado dos homens, em geral, não é repleto de nobres e belas ações.
Nesse contexto, o esquecimento das encarnações pretéritas constitui uma bênção.
No âmbito de uma única existência, quantas vezes a criatura deseja esquecer seus equívocos?
Não é fácil conviver com a lembrança de atos levianos.
Inúmeros relacionamentos periclitam pela dificuldade dos seres humanos relevaremos erros recíprocos. E, na verdade, os erros são inerentes ao processo de aprender.
Não é possível sair da mais completa ignorância e transitar para a angelitude sem cometer equívocos nesse caminhar.
Para propiciar os acertos necessários, a divindade permite o esquecimento do viver pretérito.
O que se viveu persiste na forma de intuições e tendências, simpatias e antipatias, facilidades e dificuldades.
Muitas vezes, o inimigo de ontem renasce na condição de filho.
O esquecimento permite a transformação da mágoa em amor.
Ante o rostinho rosado e o olhar ingênuo de uma criança, torna-se possível amar a quem ontem odiávamos.
Quem outrora nos incomodava hoje nos auxilia na figura de um amigo ou irmão. Sob a bênção do esquecimento, refundem-se as emoções e elos fraternos se estabelecem.
Assim, não é relevante lembrar o passado.
O importante é viver bem o presente.

Redação do Momento Espírita

Finados na Visão Espírita


Dia dois de novembro é marcado pelo dia de finados, um feriado relacionado à morte.
A Doutrina Espírita nos mostra que somos Espíritos eternos e imortais. Quando encarnados, temos o corpo físico, o corpo espiritual (o perispírito) e o Espírito.
Quando desencarnados, nos desligamos de nosso corpo físico. À vontade, a inteligência, as emoções, tudo está no Espírito.
Portanto, logo percebemos que a morte como conhecemos não existe. Ninguém morre, no sentido de acabar. O espírito é eterno e imortal. A morte então é uma passagem do plano físico para o plano espiritual. Isso se dá para que desenvolvamos nossas qualidades morais.
E embora tenhamos um grande desenvolvimento intelectual, a morte ainda não é bem entendida para a maioria de nós, mesmo os espiritualistas e até os espíritas, se tocarmos no sentido do apego. Embora o entendimento esteja na mente, o coração responde diferente.
Não é à toa que uma enorme quantidade de espíritos desencarnados expressarem suas dificuldades na vida de além túmulo, com relação às saudades de seus entes queridos, e vice-versa. E é este excesso de apego que cria situações extremamente desconfortantes, onde entramos em grande desequilíbrio nos momentos de separação mais brusca.
Mesmo quem entende a morte, sofre a dor da separação. Porém, é preciso modificar a nossa ideia acerca da vida, que não se resume a vida material, mas essencialmente a vida espiritual.
Nossos entes queridos são empréstimos de Deus para que possamos nos desenvolver cada vez mais. Mas que amor é esse, que desenvolvemos por eles, que em vez de pacificar nossa evolução, que em vez de fazer o bem, acaba prejudicando com o peso da saudade?
O dia de finados deve ser visto então como mais um dia em que devemos elevar nosso pensamento a Deus, orando fervorosamente por aqueles que já partiram, para que esta prece, feita sempre de coração, seja um alívio para aqueles que nós amamos e já partiram para a pátria espiritual.
A prece está entre os maiores bens que podemos fazer em benefício daqueles que já partiram, mas não é estagnada a apenas uma data no ano. Se quem partiu está na condição de sofrimento ou de perturbação, a prece será de grande benefício.
Se quem partiu está consciente, lúcido de sua realidade espiritual, da mesma forma, a prece chegará como um bálsamo ao coração de quem amou, pela lembrança e pelo carinho.
Vejamos o que nos dizem os Espíritos, através de Kardec:

321. O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?

"Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer."

a) - Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?

"Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento."

323. A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?

"Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração." ("O Livro dos Espíritos")

Deus jamais criaria o inferno


Há muita lógica quando se diz que, se o inferno existisse, jamais teria sido criado por Deus. Isto porque, se Jesus, Seu representante na Terra, recomenda-nos no seu Evangelho amar os nossos inimigos, convenhamos que seja incoerente admitir-se que o próprio Pai Celestial pudesse colocar Seus filhos nas chamas do inferno. Ora, se eu, que sou um Espírito muito atrasado, não teria coragem de fazer isso com um filho, por mais errado que ele fosse como Deus cometeria tal monstruosidade, sem dar-lhe chances para se reabilitar? 
Da mesma forma que nós, pais humanos, damos novas chances aos filhos que erram para se corrigirem, Deus também sempre nos concede novas oportunidades através das reencarnações sucessivas, para alcançarmos a perfeição espiritual. Uma nova chance, por exemplo, foi concedida aos nazistas que, entre 1939 e 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, invadiram moradias de judeus residentes na Alemanha, matando impiedosamente centenas deles e, ainda, saqueando seus bens para o financiamento da guerra.  
Diante disso, os Espíritos desses nazistas, ao reencarnarem na própria Alemanha, vítimas da Talidomida, plasmaram em seus corpos, em razão do remorso, as deformidades provocadas nos indefesos judeus, conforme revelação do Espírito Humberto de Campos, no livro “Contos Desta e Doutra Vida”, psicografado por Chico Xavier. É claro que eles, livres da consciência culpada pelo sofrimento, continuarão reencarnando para evoluírem, até um dia se tornarem Espíritos perfeitos, tal como é Jesus, segundo os ensinos do Espiritismo.  
Em verdade, tanto o chamado “céu” quanto o denominado “inferno” são estados de alma, e não regiões localizadas no espaço. Madre Tereza de Calcutá, por exemplo, construiu o céu dentro de sua consciência pela caridade que praticava, e o levou daqui para a vida espiritual, ao contrário daqueles nazistas que, pelo remorso dos crimes praticados, criaram o “inferno” em seus Espíritos culpados.


Gerson Simões Monteiro

Ninguém foge à Lei da Reencarnação


Em Casa: Ninguém foge à Lei da Reencarnação.
ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral. HOJE, guardamo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício. HOJE, temo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.
ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes. HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção.
ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio. HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.
ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinquência. HOJE, achamo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.
ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão. HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.
À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos àqueles que te injuriam...
A humildade é a chave de nossa libertação.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.
* * *

Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
Da obra: Amor e Vida em Família.

Imperativo da Paciência


Provável que raros amigos pensem nisto: paciência por imunização contra o suicídio.
Nas áreas da atividade humana, bastas vezes, surgem para a criatura determinados topos de provação para cuja travessia, nem sempre bastará o conhecimento superior. É necessário que a alma se apoie no bastão invisível da paciência, a fim de não resvalar em sofrimentos maiores.
Eis porque nos permitimos endereçar reiterados apelos aos irmãos domiciliados no Plano Físico a fim de que se dediquem ao cultivo da compreensão.
Se te encontras sob o impacto de conflitos domésticos, ante aqueles que se façam campo de vibrações negativas, usa a tolerância, quanto possível, em auxílio à segurança da equipe familiar a que te vinculas.
Nas decepções, sejam quais forem, reflete no valor da ponderação em teu próprio benefício.
Diante de golpes que te sejam desfechados, esquece injúrias e agravos e pensa nas oportunidades do trabalho que se te farão apoio defensivo contra o desespero.
Sob acusações que reconhece imerecidas, olvida o mal e não alimentes o fogo da discórdia.
Quando te falte atividade profissional, continua agindo, tanto quanto puderes, nas tarefas de auxílio espontâneo aos outros, aprendendo que atividade nobre atrai atividades nobres e, com isso, para breve, te reconhecerás em novos posicionamentos de serviço, segundo as tuas necessidades.
Se o desânimo te ameaça por esse ou aquele motivo, recorda a importância de teu concurso fraterno, em apoio de alguém, e não te dês ao luxo de paradas improdutivas.
Em qualquer obstáculo a transpor no caminho, conserva a paciência por escora e guia e, de pensamento confiante na Divina Providência, seguirás adiante, afastando para longe a tentação da fuga e reconhecendo, em tempo estreito, que há sempre um futuro melhor para cada um de nós e que, em todas as tribulações da existência, vale a pena esperar pelo socorro de Deus.

Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

PACIÊNCIA E SERVIÇO


Paciência não é inatividade.
Será um estado de compreensão, já que não dispomos de palavras para defini-la. Compreensão com espírito de serviço, capaz de aceitar as dificuldades da existência, com o dever de cooperar para que desapareçam.
A vida nos propõe variados desafios, com a finalidade de descobrir as nossas qualidades potenciais e desenvolvê-las para que venhamos a realizar o melhor, em benefício dos outros. Isso ocorre porque auxiliar aos que compartilhem da estrada é sempre angariar apoio a nós mesmos.
 “Tenhamos paciência”: duas palavras que não nos indicam a indiferença, e sim, nos procuram o ânimo para colaborar sem alarde na extinção dos tropeços com que sejamos defrontados.
Se te encontras à frente de provações inevitáveis, aceita-as por amor a ti mesmo, a fim de que não se ampliem em detrimento de tua própria paz.
Quanto se te faça possível, não te revoltes, nem te encolerizes, ante os entraves do caminho.
O parente difícil, a doença em família ou no corpo, o prejuízo inesperado, a pessoa querida que se afasta de nós, a incompreensão alheia ou o trabalho dobrado, são testes para a superação dos limites espirituais em que estejamos vivendo.
Segue na estrada que a vida te traçou, sem marginalizar-te em desânimo ou rebeldia.
A paciência não é almofada para que nos entreguemos ao sono da inércia, e sim, uma escora segura para que aprendamos a caminhar.

EMMANUEL
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

DO LIVRO "PAZ"

DEPOIMENTO DA ATRIZ ANA ROSA UM RELATO MUITO EMOCIONANTE E CONSOLADOR



Algumas vezes eu representei cenas de perdas de entes queridos em novelas. No dia 17 de novembro de 1995, no velório de minha filha Ana Luísa, nascida em São Paulo no dia 10 de dezembro de 1976, eu não queria acreditar que estivesse vivendo aquilo de verdade. No dia seguinte, saí para comprar alguns presentes de Natal. Afinal, meus outros seis filhos ainda estavam ali e precisavam da mãe. Mas eu parecia um zumbi. Numa loja, me senti mal. Tontura, fraqueza, parecia que meu peito iria explodir que eu não iria aguentar tanta dor. Pedi à vendedora que me deixasse sentar um pouco. Eu estava quase sufocando, as lágrimas queriam saltar de meus olhos. Mas eu não queria chorar. Queria esconder minha dor, fazer de conta que aquilo não havia acontecido comigo. Bebi água, respirei fundo e saí ainda zonza. Eu sempre acreditei que iria terminar de criar minha filha, como todos os outros. Que iria vê-la formar-se em veterinária. Vê-la casada, com filhos. Achava que teria sempre a Aninha ao meu lado. Um dia, ela me contou que quando era pequena e eu saía pra trabalhar, ela sentia medo de que eu não voltasse. Por isso ficava sempre na porta de casa me olhando até eu sumir de sua vista. Por isso vivia grudada em mim. Imagino que ela já pressentia ainda criança, que iríamos nos separar cedo. Só que foi ela a ir embora. Foi ela que saiu e não voltou mais. Foi ela que me deixou com a sua saudade. Para amenizar a falta, o vazio que ela deixou, eu ficava horas revendo os vídeos mais recentes com suas imagens. Nossas viagens, festas de aniversários, a formatura da irmã, seu jeitinho lindo tão meu conhecido de sentir vergonha. Ela com o primeiro e único namorado. O gesto característico de arrumar os cabelos. A sua primeira apresentação de piano. Nesse vídeo então, eu ficava namorando suas mãos de dedos longos e finos. Até hoje eu me lembro de cada detalhe das mãos da Aninha. Assim como me lembro de cada detalhe de seus pés, do seu rosto... Dali pra frente, o que mais me chocava e surpreendia era que todo o resto do mundo continuava igual. Como se nada tivesse acontecido: o sol nascia e se punha todos os dias, as pessoas andavam pelas ruas. O mesmo movimento, barulho. O mundo continuava a girar. Tudo, tudo igual. Só na minha casa, na minha família, dentro de mim, é que nada mais voltaria a ser como antes. Faltava minha filha, Ana Luísa! Eu passava, quase diariamente, nos lugares comuns: o colégio Imaculada Conceição, em Botafogo. Cinema, lanchonete, restaurante, o metrô, onde tantas e tantas vezes viajamos juntas. A loja das comprinhas, o shopping, o parquinho, o clube onde fazia natação. A praia de Botafogo onde ela foi atropelada, o hospital Miguel Couto, onde passamos as horas mais angustiosas de nossas vidas. O cemitério São João Batista, onde repousam seus restos mortais. Até hoje cada um desses lugares me lembra alguma coisa de minha filha. Até hoje guardo as lembranças de seus abraços, seus chamegos, o cheirinho da sua pele, o calor, seu carinho e aconchego. Ana vivia literalmente pendurada em mim. Já grandona, maior que eu, mas sempre como se fosse meu nenê pedindo colo. Saudade. Saudade. Saudade, minha Aninha. Não fosse a minha fé e a convicção de que a vida não termina com a morte, não fossem os outros filhos que ainda precisavam de mim, acho que teria pirado. Além da família, o trabalho, a terapia e o estudo da doutrina espírita me deram forças para superar a separação e a falta da Ana Luísa. Sou e serei eternamente grata ao meu Pai do Céu, porque fui agraciada com muitos sinais de que a separação é apenas temporária. Alguns dias após sua passagem entrei em seu quartinho que ficou inundado pelo cheiro de rosas. Instintivamente fui olhar pela janela. Naturalmente o cheiro não vinha de fora. O perfume intenso era só ali dentro. Um mês depois, no grupo que eu frequentava no Centro Seara Fraterna, minha filha se manifestou. Ainda meio confusa pela mudança abrupta e repentina, mas já consciente de sua passagem. Naquela noite, o buraco no meu peito que parecia uma ferida sangrando, mudou de aspecto. Continuava a doer, mas a certeza de que minha filha continuava e continua viva em alguma outra dimensão me trouxe uma nova perspectiva. A de que eu poderia chorar pela sua ausência, nunca pelo seu fim. Dalí pra frente, algumas vezes vi, em outras pressenti, sua essência ao meu lado. No decorrer desses doze anos, recebi, por acréscimo de misericórdia, um bom número de mensagens dela. Uma das últimas foi através de um médium reconhecido, que foi fazer uma palestra num evento que eu apresentava. Sem que eu esperasse ou solicitasse, ele disse que via uma jovem ao meu lado – me descreveu exatamente minha filha - e que ela me apontava para ele dizendo: é esta aqui, ó. Esta é que é a minha mãe. Quando me sentei, ele disse que ela sentou-se no meu colo. Entre as várias coisas no recado que me mandou, encerrou dizendo que as violetas (enceno a peça “Violetas na janela” há 11 anos) que ela cultiva onde se encontra, não serão colocadas na janela, e sim, serão usadas para fazer um tapete de flores para eu pisar quando chegar lá.

UMA REALEZA TERRENA


Quem poderia, melhor do que eu compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: Meu reino não é deste mundo? O orgulho me perdeu sobre a Terra. Quem, pois, compreenderia o nada dos reinos do mundo, se eu não o compreendesse? O que foi que eu levei comigo, da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E como para tornar a lição mais terrível, ela não me acompanhou sequer até o túmulo! Rainha eu fui entre os homens, e rainha pensei chegar ao Reino dos Céus. Mas que desilusão! E que humilhação, quando, em vez de ser ali recebida como soberana, tive de ver acima de mim, mas muito acima, homens que eu considerava pequeninos e os desprezava, por não terem nas veias um sangue nobre! Oh, só então compreendi a fatuidade dos homens e das grandezas que tão avidamente buscamos sobre a Terra!
                Para preparar um lugar nesse reino são necessárias à abnegação, a humildade, a caridade, a benevolência para com todos. Não se pergunta o que fostes, que posição ocupastes, mas o bem que fizestes, as lágrimas que enxugastes.
                Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é necessário sofrer para chegar ao Céu, e os degraus do trono não levam até lá. São os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele. Procurai, pois o caminho através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores!
                Os homens correm atrás dos bens terrenos, como se os pudessem guardar para sempre. Mas aqui não há ilusões, e logo eles se apercebem de que conquistaram apenas sombras, desprezando os únicos bens sólidos e duráveis , os únicos que lhes podem abrir as portas dessa morada.
                Tende piedade dos que não ganharam o Reino dos Céus. Ajudai-os com as vossas preces, porque a prece aproxima o homem do Altíssimo, é o traço de união entre o Céu e a Terra. Não o esqueçais!


UMA RAINHA DE FRANÇA
Havre, 1863

ALÉM DA MORTE


Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas.
Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios. São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne.
São os mesmos homens que eram antes da morte.
A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes. Não lhes outorga títulos, nem conquistas. Não lhes retira méritos, nem realizações. Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu.
Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que atingem o grande porto.
Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a inevitável travessia.
A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da matéria, demora-se, infeliz,
ignorando a nova realidade.
Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, buscando incessantemente
endereços que não conseguem localizar.
Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e ansiedades.
Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem grandes modificações.
Os escravos do prazer prosseguem inquietos.
Os servos do ódio demoram-se em aflição.
Os companheiros da ilusão permanecem enganados. Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens desordenadas.
Os amigos da ignorância continuam perturbados.
Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o apoio dispensado pelos espíritos superiores. Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino.
Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os seus irmãos, refletindo a
paternal providência divina.
Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver.
A morte a todos aguarda.
Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável.
Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade.
A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução. A matéria em que nos encontramos
imersos, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal.
Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço. Tal benefício deve ser
aproveitado para aquisição dos verdadeiros valores que resistem à própria morte.
Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea equivalente de atos indignos.
Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à humanidade, é degrau de ascensão.
Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência, continuaremos vivendo, em
outro plano e em condições diversas.
Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades que nos
movimentavam antes do transe da morte.
A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos tivermos preparado para ela.
Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do amanhã.
Pense nisso.


Divaldo Pereira Franco

O bem que se faz


Quando a ingratidão te bater à porta, não digas: Nunca mais ajudarei a ninguém!
Quando a impiedade daqueles a quem beneficiaste chegar ao teu lar, não exclames: Para mim, chega!
Não sofras e nem te arrependas de ter ajudado.
Nem reclames: E eu que lhes dei tudo!
Não retribuas mal por mal, pois que assim, vitalizarás o próprio mal.
O bem que se faz a alguém é sempre luz que se acende na intimidade.
Naturalmente, gostarias de receber gratidão, amizade, compreensão. Todos apreciamos experimentar os frutos da gratidão.
Pensa que a árvore jamais pergunta a quem lhe colhe os frutos para onde os carregará ou o que pretende fazer deles.
Ela se felicita por poder dar. Por se multiplicar através da semente que, atirada ao solo, o abençoa com novas dádivas de alegria.
Segue-lhe o exemplo.
Teus frutos bons, que produzam bons frutos além...
Tuas nobres tarefas, que se desdobrem em tarefas superiores mais tarde.
Fica com a alegria de fazer, de doar. Nunca com a ideia de colher reconhecimento ou gratidão.
Porque esperar gratidão pode ser também uma espécie de pagamento.
Sê tu sempre grato, mas não esperes pelo reconhecimento de ninguém.
O bem que faças, viajando sem parar em muitos corações, espalhará luz no longo curso da tua vida.
Amanhã ou depois, nos caminhos sem fim do futuro, mesmo que não o saibas ou que o tenhas esquecido, esse bem te alcançará, mais formoso, mais fecundo.
Assim, prossegue ajudando sempre. Observa como age a natureza.
O rio não cogita de examinar as bênçãos que conduz em suas águas, nem interpela o solo por onde segue.
Deixa-se jorrar, beneficiando a terra, a agricultura, as gentes.
O perfume, bailando no ar, nada pede para se espalhar até onde possa.
O grão não espera nada, além de ser triturado, para se converter em alimento.
O sol não escolhe lugar para visitar com luz, calor e vida.
A chuva não tem preferência por onde espalhar vitalidade.
Todos cooperam em nome da Divindade, sem exigências e sem reclamações.
São úteis e passam. Nada esperam, nada impõem.
Age desta forma, tu também e transforma-te num cálice de bênçãos, servindo sempre.

                       *  *  *
Se a tristeza te visitar a alma, ante a ingratidão de tantos a quem doaste o que possuías de melhor, recorda o Mestre de todos nós.
Ele disse que estava no meio de nós, como Aquele que serve.
E, tendo derramado o Seu amor, plenificando de vida a todos os que se Lhe aproximaram, recebeu na hora extrema a ingratidão do abandono.
Mesmo assim, até hoje, Ele prossegue, convidando: Vinde a Mim.
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ninguém vai ao Pai senão por Mim.

Texto da Redação do Momento Espírita com base no cap. Benefício e gratidão, do livro Dimensões da verdade, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, Ed. Leal.

O que são Espíritos Agêneres?



            O que é um agênere? É uma aparição em que o desencarnado se reveste de forma mais precisa, das aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão ao observador, que supõe ter diante de si um ser corpóreo.
            Esse fato ocorre devido à natureza e propriedades do perispírito que possibilitam ao Espírito, por intermédio de seu pensamento e vontade, provocar modificações nesse corpo espiritual a ponto de torná-lo visível. 
            Há uma condensação (os Espíritos usam essa palavra a título de comparação apenas) tal, que o perispírito, por meio das moléculas que o constituem, adquire as características de um corpo sólido, capaz de produzir impressão ao tato, deixar vestígios de sua presença, tornar-se tangível, conservando as possibilidades de retomar instantaneamente seu estado etéreo e invisível.
            Para que um Espírito condense seu perispírito, tornando-se um agênere, são necessárias, além da sua vontade, uma combinação de fluidos afins peculiares aos encarnados, permissão, além de outras condições cuja mecânica se desconhece. Nesses casos a tangibilidade pode chegar a tal ponto que é possível ao observador tocar, palpar, sentir a resistência da matéria, o que não impede que o agênere desapareça com a rapidez de um relâmpago, através da desagregação das moléculas fluídicas.
            Os seres que se apresentam nessas condições não nascem e nem morrem como os homens; daí o nome: agênere - do grego: a privativo, e géine, géinomai, gerado: não gerado, ou seja, que não foi gerado.
            Podendo ser vistos, não se sabe de onde vieram, nem para onde vão. Não podem ser presos, agredidos, visto que não possuem um corpo carnal. Desapareceriam, tão logo percebessem a intenção diferente ou que os quisessem tocar, caso não o queiram permitir.
Os agêneres, embora possam ser confundidos com os encarnados, possuem algo de insólito, diferente. O olhar não possui a nitidez do olhar humano e, mesmo que possam conversar, a linguagem é breve, sentenciosa, sem a flexibilidade da linguagem humana. Não permanecem por muito tempo entre os encarnados, não podendo se tornar comensais de uma casa, nem figurar como membros de uma família.

            Transcrevemos a seguir um exemplo extraído da Revista Espírita de 1859 - Fevereiro (EDICEL):

            "Uma pobre mulher estava na igreja de Saint-Roque em Paris, e pedia a Deus vir em ajuda de sua aflição. Em sua saída da igreja, na Rua Saint-Honoré, ela encontrou um senhor que a abordou dizendo-lhe: "Minha brava mulher, estaríeis contente por encontrar trabalho? - Ah! Meu bom senhor, disse ela, pedia a Deus que me fosse achá-lo, porque sou bem infeliz. - Pois bem! Ide a tal rua, em tal número; chamareis à senhora T...; ela vo-lo dará." Ali continuou seu caminho. A pobre mulher se encontrou, sem tardar, no endereço indicado - Tenho, com efeito, trabalho a fazer, disse a dama em questão, mas como ainda não chamei ninguém, como ocorre que vindes me procurar? A pobre mulher, percebendo um retrato pendurado na parede, disse: - Senhora foi esse senhor ali, que me enviou. - Esse senhor! Repetiu a dama espantada, mas isso não é possível; é o retrato de meu filho, que morreu há três anos. - Não sei como isso ocorre, mas vos asseguro que foi esse senhor, que acabo de encontrar saindo da igreja onde fui pedir a Deus para me assistir; ele me abordou, e foi muito bem ele quem me enviou aqui.

            O Espírito São Luiz consultado a respeito forneceu instruções muito interessantes:

• Reafirma: - não basta a vontade do Espírito; é também necessário permissão para ocorrer o fenômeno.
• Existem, muitas vezes na Terra, Espíritos revestidos dessa aparência.
• Podem pertencer à categoria de Espíritos elevados ou inferiores.
• Têm as paixões dos Espíritos, conforme sua inferioridade; se inferiores buscam prazeres inferiores; se superiores visam fins elevados.
• Não podem procriar.
• Não temos meios de identificá-los, a não ser pelo seu desaparecimento inesperado.
• Não têm necessidade de alimentação e não poderiam fazê-la; seu corpo não é real.

            Encerrando nosso estudo sobre os agêneres, relembramos que, por mais extraordinário que possam parecer, esses fatos se produzem dentro das leis da Natureza, sendo apenas efeito e aplicação dessas mesmas leis. Recomendamos aos leitores continuem a pesquisa sobre o tema nas Obras Básicas e na Revista Espírita, Fevereiro de 1859, 1860 e 1863.


Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2. Ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. VII - 2ª Parte. 
KARDEC, Allan - Revista Espírita - 1859 - Fevereiro: 1. Ed. São Paulo: EDICEL, 1985.

Por: Tereza Cristina D'Alessandro

Mensagem da criança ao homem.



Olhando as crianças maltrapilhas que perambulam sem rumo, pelas ruas das grandes cidades, ficamos a imaginar qual será a mensagem que seus olhos tristes e melancólicos trazem aos homens.
Se pudéssemos registrar seus apelos, talvez ouvíssemos seus gritos silenciosos a nos dizer:
Construíste palácios que assombram a Terra; entretanto, se me largas ao relento porque me faltem recursos para pagar a hospedagem, é possível que a noite me enregele de frio.
Multiplicaste os celeiros de frutos e cereais, garantindo os próprios tesouros; contudo, se me negas lugar à mesa, porque eu não tenha dinheiro a fim de pagar o pão, receio morrer de fome.
Levantaste universidades maravilhosas, mas, se me fechas a porta da educação, porque eu não possua uma chave de ouro, temo abraçar o crime sem perceber.
Criaste hospitais gigantescos; no entanto, se não me defendes contra as garras da enfermidade, porque eu não te apresente uma ficha de crédito, descerei bem cedo ao torvelinho da morte.
Proclamas o bem por base da evolução; todavia, se não tens paciência para comigo, porque eu te aborreça, provavelmente ainda hoje cairei na armadilha do mal, como ave desprevenida no laço do caçador.
Dizes que eu sou o futuro. Não me desampares o presente.
Dizes que sou a esperança da paz. Não me induzas à guerra.
Dizes que eu sou a promessa do bem. Não me confies ao mal.
Não espero somente o teu pão. Dá-me luz e entendimento.
Não te rogo apenas brinquedos. Peço-te bons exemplos e boas palavras.
Não sou simples folha seca rolando ao vento. Sou alguém que te bate à porta em nome de Deus.
Em nome de Deus, que dizes amar, compadece-te de mim!...
Ensina-me o trabalho e a humildade, o devotamento e o perdão.
Compadece-te de mim e orienta-me para o que seja bom e justo...
Ajuda-me hoje para que eu te ajude amanhã.
Não te peço o máximo que alguém talvez te venha a solicitar em meu benefício...
Rogo apenas o mínimo do que me podes dar para que eu possa viver e aprender.
*   *   *
Cada criança que nasce é uma estrela que Deus coloca sobre a face da Terra para que seja amparada pelas nossas mãos.
Não permitamos que essas frágeis estrelas se apaguem por falta de cuidados.
Pela Lei da Reencarnação, é possível que um desses pequeninos seja um afeto do nosso coração que volta, estendendo-nos as mãos em busca de socorro e proteção.
Ademais, Jesus asseverou que tudo o que fizéssemos a esses pequeninos, era a Ele mesmo que o estaríamos fazendo.
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(Redação do Momento Espírita com base no cap. 51 do livro Luz no lar, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb e no cap. 2, do livro Antologia da criança, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Idea)

ORAÇÃO AO MESTRE


Mestre,
A humanidade só te procura
Quando precisa de paz
Ajuda-me a encontrar a cura
Pra minhas falhas morais.
Ajuda-me Senhor sempre fazer
A caridade perfeita
E que minha outra mão não possa ver
O que dá a minha direita.
Ajuda-me a ter paciência
Com o peso do meu fardo
Ajuda-me a ter consciência
Dos erros do meu passado.
Ajuda-me a perdoar
Se alguém causou minha dor
Pois maior sentimento, não há
Do que “morrer” por amor.
Ajuda-me, Senhor, a sorrir
Pra aquele que mal me faz
Pra que o ódio possa se extinguir
E eu possa encontrar a paz.
Ajuda-me a dar a mão,
Pro inimigo que cai,
Quem quer ser um bom cristão
Faz a vontade do pai.
Ajuda-me, Senhor, a ser forte,
Na minha reforma interna
Pra que eu possa ver na morte
Passagem pra vida eterna.
Fazei-me, Senhor, um ser puro
Como a água da fonte
Pra que um dia no futuro
Junto do Pai, eu te encontre.


(recebido pela médium Lucia)
do Espírito “UM AMIGO POETA”

domingo, 15 de janeiro de 2017

OBJETIVO DA FÉ


 
"Alcançando o fim da vossa fé, que é a salvação das vossas almas." - Pedro. (I PEDRO, 1:9.)

"Qual a finalidade do esforço religioso em minha vida?" Esta é a interrogação que todos os crentes deveriam formular a si mesmos, frequentemente.
O trabalho de auto esclarecimento abriria novos caminhos à visão espiritual.
Raramente se entrega o homem aos exercícios da fé, sem espírito de comercialismo inferior. Comumente, busca-se o templo religioso com a preocupação de ganhar alguma coisa para o dia que passa.
Raciocínios elementares, contudo, conduziriam o pensamento as mais vastas ilações.
Seria a crença tão-somente recurso para facilitar certas operações mecânicas ou rudimentares da vida humana? Os irracionais, porventura, não as realizam sem maior esforço? Nutrir-se, repousar, dilatar a espécie, são característicos dos próprios seres embrionários.
O objetivo da fé constitui realização mais profunda. É a "salvação" a que se reporta a Boa Nova, por excelência. E como Deus não nos criou para a perdição, salvar, segundo o Evangelho, significa elevar, purificar e sublimar, intensificando-se a iluminação do espírito para a Vida Eterna.
Não há vitória da claridade sem expulsão das sombras, nem elevação sem suor da subida.
A fé representa a bússola, a lâmpada acesa a orientar-nos os passos através dos obstáculos; localizá-la em ângulos inferiores do caminho é um engano de consequências desastrosas, porque, muito longe de ser uma alavanca de impulsão para baixo, é asa libertadora a conduzir para cima.

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 92.

Prece das mãos


Pai toma minhas mãos, que são parte da obra que Tu assinaste: eu mesmo.
Olha as linhas que são os traços do meu destino e reforma-as na medida do meu merecimento.
Olha minhas digitais que indicam não haver ninguém igual a mim, o que prova a Tua originalidade...
Examina-as e julga os crimes que porventura eu tenha cometido.
Pai vê em minhas mãos o histórico das minhas doações e até que ponto elas foram válidas.
Vê também o histórico de tudo o que recebi e julga se sou suficientemente grato.
Pais, em minhas mãos estão às marcas dos serviços prestados... Vê se trabalhei e tenho trabalhado da forma que Tu aprovas.
Vê quantos foram os toques de afeto e de agressão e apresenta-me o saldo.
Julga as palavras escritas em meu diário de alegrias e de aflições.
Pai vê os apertos de mãos que já dei os acenos de adeus e os sinais de 'sim' e de 'não'.
Estão, sob Teu juízo, minha honestidade e minhas dores.
Pai toma minhas mãos...
Sente como se, através delas, o meu coração falasse.
Diz se posso olhar-Te nos olhos ou com elas esconder a minha face.
Assim seja...
Graças a Deus!

Ivete Tayar

O tamanho de um ideal


Quão grande pode ser um ideal? Que extensão podem ter nossos sonhos?
Quem visse Tereza de Calcutá, no início de sua jornada, pedindo comida para dar aos pobres, dificilmente imaginaria aquela mulher como fundadora de mais de quatrocentas casas em nome do amor ao próximo.
Quem analisasse Michelangelo, exímio escultor, se aventurando no campo da pintura, jamais diria que ele iria legar para a Humanidade uma joia como o teto da Capela Sistina.
Quem percebesse Saulo de Tarso às portas de Damasco, cego e aturdido, não conseguiria perceber ali o grande Apóstolo do Cristianismo nascente.
Toda jornada nasce nos primeiros passos, modestos, anônimos, não raro, solitários.
Grandes caminhadas não se concluem se o primeiro passo não for dado.
Porém, da iniciativa se faz indispensável à perseverança para a continuidade.
Se o primeiro passo é desafiador, se a coragem para sair da inércia é meritória, ela se esgotará em si mesma se não houver a disciplina da continuidade no intento.
E se o primeiro passo nasce da coragem, a caminhada se fará tão longa quanto à medida do ideal daquele que caminha.
Ao idealista não se deve somar a ilusão das facilidades que não existem, ou da leveza de um caminhar que não tem preço.
Fernando Pessoa, o poeta, descreve isso dizendo que um ideal vale a pena desde que caiba no tamanho da alma.
*   *   *
Assim somos todos nós.
Nossos sonhos, nossos ideais são do tamanho que comporta nossa própria alma.
Dessa forma, nenhum de nós tem o direito de sabotar o ideal de outrem.
Talvez aquele propósito não caiba em nós, porém desconhecemos a dimensão da alma daquele a quem aconselhamos.
Não importa a grandeza do ideal. O importante é que o tenhamos na alma.
Serão sempre os sonhos, os ideais, o combustível da caminhada.
Serão eles a fonte de energia que nos dará condições de vencer as dificuldades e desafios naturais que surjam na jornada.
Alguns constroem planos para melhorar seu bairro ou seu ambiente de trabalho.
Outros sonham em modificar a sociedade, as instituições.
Há os que alimentam o ideal de se tornarem excelentes profissionais, a fim de beneficiar aqueles com quem mantenham contato.
Por que não podemos concretizar o ideal de iniciar um pequeno trabalho voluntário em nossa comunidade?
Talvez consigamos aliviar a dor ou a solidão de alguém, por algumas horas, em nossa semana.
Não importa qual seja o nosso ideal.
Importante é que percebamos que podemos, na medida de nossa capacidade, contribuir para transformar o mundo.
Pequenas atitudes, desde que carregadas de grande significado, são capazes de somadas, alterar paisagens sociais.
Alguns poderão dizer que tudo isso não passa de bobagem.
Esses apenas demonstram que desistiram de si mesmos, e abandonaram seus sonhos, em algum ponto da estrada.
Portanto, continuemos perseverantes em nossos propósitos. Talvez, um dia, possamos convencer alguém, pelas nossas atitudes, de que sempre é a hora certa de retomar os sonhos e ideais.

Redação do Momento Espírita.

Identidade dos Espíritos


93. Uma vez que no meio dos Espíritos se encontram todos os caprichos da humanidade, não podem deixar de existir entre eles os ARDILOSOS E OS MENTIROSOS (NÃO TEMOS VISTOS TANTOS); alguns não têm o menor escrúpulo de se apresentar sob os mais respeitáveis nomes, com o fim de inspirarem mais confiança. Devemos, pois, ABSTER-NOS DE CRER DE UM MODO ABSOLUTO NA AUTENTICIDADE DE TODAS AS ASSINATURAS DE ESPÍRITOS.
94. A identidade é uma das grandes dificuldades do Espiritis­mo prático, sendo muitas vezes impossível verificá-la, sobre­tudo quando se trata de Espíritos superiores, antigos relativa­mente à nossa época.
Entre os que se manifestam, muitos não têm nomes para nós; mas, então, para fixar as nossas ideias, eles podem to­mar o de um Espírito conhecido, da mesma categoria da sua; de modo que, se um Espírito se comunicar com o nome de S. Pedro, por exemplo, nada nos prova que seja precisamente o apóstolo desse nome; tanto pode ser ele como outro da mesma ordem, como ainda um enviado seu. A questão da identidade é, neste caso, inteiramente secundária e seria pueril atribuir-lhe importância; o que importa é a natureza do ensino, se é bom ou mau, digno ou indigno da personagem que o assina; se esta o subscreveria ou repeliria: eis a questão.
95. A identidade é de mais fácil verificação quando se trata de Espíritos contemporâneos, cujo caráter e hábitos sejam co­nhecidos, porque é por esses mesmos hábitos e particularida­des da vida privada que a identidade se revela mais segura­mente e, muitas vezes, de modo incontestável.
Quando se evoca um parente ou um amigo, é a persona­lidade que interessa, e então é muito natural buscar-se reco­nhecer a identidade; os meios, porém, que geralmente empre­ga para isso quem não conhece o Espiritismo, senão imperfeitamente, são insuficientes e podem induzir a erro.
96. O Espírito revela sua identidade por grande número de circunstâncias, patenteadas nas comunicações, nas quais se refletem seus hábitos, caráter, linguagem e até locuções familiares.
Ela se revela ainda nos detalhes íntimos em que entra espontaneamente, com as pessoas a quem ama: são as melho­res provas; é muito raro, porém, que ele satisfaça às pergun­tas diretas que lhe são feitas a esse respeito, sobretudo se elas partirem de pessoas que lhe são indiferentes, com intuito de curiosidade ou de prova.
O Espírito demonstra a sua identidade como quer e pode, segundo o gênero de faculdade do seu intérprete e, às vezes, essas provas são superabundantes; o erro está em querer que ele as dê, como deseja o evocador; é então que ele recusa sujeitar-se às exigências.


 (O Livro dos Médiuns, cap. XXIV: “Identidade dos Espíritos”. — Revue Spirite, 1862, pág. 82: “Fait d’identité”.)

Famosos que são Espíritas


O espiritismo cresce, aumenta sua influência sobre pessoas de alta renda e garante boa audiência na televisão. Ao mesmo tempo, mais celebridades acreditam em reencarnação e na comunicação com "entidades”.
Os espíritos estão em todo lugar. Basta ligar a TV. Nas novelas, a crença em entidades do além é amparada principalmente pelo espiritismo e a onda vem acompanhada de uma mudança de perfil da religião. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o espiritismo tem hoje 20 milhões de adeptos - cresceu 40% em cinco anos, principalmente nos Estados mais ricos e escolarizados. Quem professa essa fé tem renda 150% superior à média nacional, e 52% ganham mais de cinco salários mínimos. Estes novos seguidores valorizam as explicações racionais para a vida após a morte. "A leitura e a meditação se tornam mais importantes do que as sessões de mesa branca e as operações sem anestesia", afirma a antropóloga Sandra Jacqueline Stoll, da Universidade Federal do Paraná.
Com a mudança de perfil e o sucesso do assunto na mídia, não é de espantar que mais celebridades estejam declarando sua crença em espíritos. É o caso de Juliana Paes, Raica Oliveira, Cléo Pires, Rosi Campos, Marcos Caruso, Carlos Vereza, Paola Oliveira e Samara Felippo. A casa Lar de Frei Luiz, no Rio, é uma das que recebem várias celebridades toda semana. "Carlos Vereza é um dos nossos conselheiros, e sempre vem aqui Elba Ramalho, Joanna, a Alcione, Toni Garrido, Cissa Guimarães", diz a presidente, Helena Mussi Gazolla.

CAROL CASTRO

Fui batizada, fiz a primeira comunhão, mas não frequento a Igreja Católica. Quando eu era pequena, fui muito a um templo budista. Minha mãe morou no Japão dos 4 aos 9 anos e tem uma relação forte com a religiosidade oriental, que ela me transmitiu desde pequena. Minha mãe é astróloga, taróloga e terapeuta corporal. Ela se comunica com espíritos, já psicografou um livro do escritor Camilo Castelo Branco. Sou budista. Acredito em uma força maior e tenho certeza de que todos nós reencarnamos; temos várias vidas após a morte.
Acredito que os espíritos voltam para ajudar ou atrapalhar as pessoas.
Quando eu era criança, eu via muitos espíritos. Aos 3 anos, cheguei a casa falando que tinha visto Jesus. Minha mãe ligou na escola para reclamar que a professora estava influenciando minha formação religiosa, mas ninguém tinha falado nada sobre Jesus para mim. Aos 6 anos, contei para a minha mãe que, em uma vida passada, eu morei em um castelo e tinha uma mãe que fumava. O nome dela era Marcela. Todos daquela minha família morreram de febre. Na mesma época, vi a avó da minha mãe e saí correndo, assustada. Depois contei para ela e descrevi o vestido que o espírito estava usando. E era o vestido favorito dela.
Com o tempo, você perde essa pureza de criança e deixa de ver coisas assim. Fui me desligando, mas ainda hoje valorizo muito a intuição, ela me ajuda a fazer as escolhas certas. Quero ser mãe, e vou respeitar e estimular os meus filhos a não perder esse contato com o espiritual. Bloquear as crianças nessa fase tão bonita da vida só vai atrapalhar o desenvolvimento delas."

MARCOS CARUSO

"Tenho uma formação inicialmente católica, mas eu me converti ao espiritismo. Passei a ter uma relação muito forte com a filosofia kardecista a partir dos 27, 28 anos. Pauto minha vida pelo que o Evangelho me ensinou. Durante um longo tempo, li O Evangelho Segundo o Espiritismo, ia às sessões espíritas, mas praticava a religião católica. Hoje sigo à risca a doutrina espírita, que é a favor da reencarnação. Peguei alguns pontos da filosofia kardecista e levei para a minha vida, como a fraternidade, a humanidade, saber pedir perdão, fazer com que o sucesso aumente minha responsabilidade e não a minha vaidade, essas coisas. Sei que evoluí, dos 27 aos 54 anos, pela filosofia espírita. Sou um devoto, acredito nas responsabilidades pelo que fazemos, que voltamos numa vida futura e eu posso voltar melhor ou pior, dependendo de como me comporto aqui. Assim, encaro melhor a minha presença nesta vida.
Não tenho medo da morte, ela é inevitável, temos de aceitá-la.
Eu só me preocupo com o possível sofrimento das pessoas quando elas se aproximam da morte. Nunca fiz regressão porque não me interesso pelo que passou. Tenho uma relação forte com o presente e o futuro."

JORGE LOREDO E ROSI CAMPOS

"Minha bisavó já era espírita, minha mãe se comunicava com entidades. Acredito que existem outras vidas e as pessoas se comunicam com muita força quando estão morrendo", diz o ator Jorge Loredo. Há ainda quem se declare médium. "Fui desenvolvendo a mediunidade de forma natural", afirma a atriz Rosi Campos, que interpreta uma cartomante em O Profeta. "Quando cheguei ao centro espírita, eu não sabia se iria conseguir essa conexão. As pessoas é que mitificam, mas, se você acredita, não tem nada de anormal."

CAIO BLAT

"Sou fã de Allan Kardec e Chico Xavier. Fiquei muito envolvido com o espiritismo porque minha ex-mulher (a cantora lírica Ana Ariel) era médium. Quando nós começamos a namorar, eu fiquei muito impressionado com os livros de Allan Kardec, com as apresentações lógicas e claras sobre a nossa evolução espiritual. Ele explica muito bem esse conceito tão antigo que é a reencarnação. Esta vida é só um pequeno momento que faz parte de um ciclo muito maior. Gosto também das ações sociais dos espíritas. Já fui ao Lar de Frei Luiz, que eu conheci por intermédio do Carlos Vereza. Antes de conhecer o espiritismo, eu já frequentava a Sociedade Taoísta.
A minha prática espiritual valoriza muito a meditação, o silêncio.
Sou seguidor de Lao Tsé, e tento conciliar o exercício espiritual do Oriente, a busca por ser zen, com a explicação racional de Kardec. A questão da comunicação com os espíritos não me atrai, prefiro desenvolver a minha intuição. E estou tentando desenvolver a telepatia. Se eu estou pensando em alguém, ligo para a pessoa na hora. Geralmente ela está mesmo precisando de apoio."
Carol Castro também pensa assim. "As crianças têm uma pureza muito grande e para elas o contato com os espíritos é espontâneo. Eu via muitos quando era criança. "Aos 6 anos, contei para a minha mãe que, em uma vida passada, eu morei em um castelo e tinha uma mãe que fumava. O nome dela era Marcela. Todos daquela minha família morreram de febre." Hoje, a atriz diz que não vê mais entidades, mas que sua mãe conseguiu desenvolver essa capacidade. "Ela se comunica com espíritos e já psicografou um livro do escritor Camilo Castelo Branco."

MAITÊ PROENÇA

"Não tenho religião. Tenho uma ligação com o divino, com aquilo que não se explica, mas que alguns sentem de forma intensa - é meu caso. Ao longo do dia me relaciono com isso muitas vezes e em alguns momentos de maneira mais solene.
Paro e rezo, medito, acendo velas, tenho meu ritual particular.

Acredito em reencarnação. Acredito que nos transmutamos. Que esta vida é mais um rito de passagem (entre muitos) para algum lugar melhor e mais sublime, para um estado de êxtase permanente, para a integração com um estado de consciência perfeito. Acredito também na comunicação com espíritos. Se essas experiências são relatadas por pessoas é porque de alguma forma elas acontecem. Ninguém inventa nada, está tudo aí."

Fonte: Revista Quem - Edição 322