quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Joias devolvidas


Narra antiga lenda árabe, que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.
A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia?
Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.
Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. A esposa lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
Ela, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: Deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou: O que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas joias de valor incalculável, para que as guardasse. São joias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo!
O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
Ora, mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?
É que nunca havia visto joias assim! São maravilhosas!
Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.
Mas eu não consigo aceitar a ideia de perdê-las!
E o rabi respondeu com firmeza: Ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Iremos juntos devolvê-las, hoje mesmo.
Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos.
Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram.
O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.
*   *   *
Os filhos são quais joias preciosas que o Criador nos confia a fim de que os ajudemos a burilar-se.
Não percamos a oportunidade de auxiliá-los no cultivo das mais nobres virtudes. Assim, quando tivermos que devolvê-los a Deus, que possam estar ainda mais belos e mais valiosos.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Joias devolvidas, do
livro Quem tem medo da morte? De Richard Simonetti, ed. Gráfica São João.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. Fep.
Em 31.01.2010


VISÃO ESPÍRITA DO CARNAVAL



Sensibilizado pela necessidade crescente de notícias objetivas, oriundas da dimensão espiritual, e que venham induzir o gênero humano a buscar o caminho da espiritualização, o benfeitor espiritual Manoel Philomeno de Miranda escreveu um livro especial pela psicografia do médium Divaldo Franco, intitulado “Nas Fronteiras da Loucura”, editado pela LEAL, Salvador – Bahia, cujo conteúdo se recomenda a sua leitura, pelos seus aspectos cultural e doutrinário.
Procurando retratar numa visão espírita as ocorrências mais importantes durante o transcorrer momesco em terras brasileiras, presta um relevante serviço informativo para todos os que se encontram envolvidos pela indumentária carnal.
Nestes dias que antecedem o rebuliço desta festa popular no Brasil, sentimos um grande apelo íntimo para extrair da obra em questão alguns tópicos, com o intuito de sugerir aos interessados na temática focalizada, lerem ou relerem este livro, de cunho tão realístico e oportuno, a fim de reavivar na própria mente indecisa, a necessidade de se afastarem destes locais de orgias e loucura.
Pesquisando os arquivos do Grande Lar, o Amigo Espiritual, encontrou os seguintes dados sobre o carnaval: “Originário das bacanalia, da Grécia, quando se homenageava o deus Dionísio, os trácios e a maioria dos povos antigos já se atiravam aos infrenes prazeres coletivos.
“Posteriormente, estas festas ocorriam em Roma, como saturnalia, e nessa ocasião sacrificava-se uma vida humana em louvor aos gozos sensuais que iriam ser procedidos, numa demonstração bem característica da fria crueldade do sentimento pagão.
“No entanto, foi a partir da Idade Média que ficou estabelecida uma comemoração anual, quando era lícito a todas as pessoas, práticas e atos censuráveis sem qualquer constrangimento.
“Nos tempos modernos este costume foi oficializado, particularmente no Brasil, durante três ou mais dias, justificado como uma necessidade para que sejam descarregados os recalques e tensões, acumulados no transcorrer do ano. Surgiu então neste comenos a palavra Carnaval, formada das silabas iniciais dos vocábulos carne nada vale.”
A visão do plano espiritual desdobra-se em cores vivas e chocantes, descreve o nosso Miranda: “Enquanto no plano físico a multidão sequiosa de divertimentos e prazeres carnais se movimentava pelas vias públicas principais de determinada cidade brasileira, numa crescente excitação da sensualidade, a psicosfera nessas áreas carregava-se de vibrações escuras e pestilenciais, fomentando a atração de Espíritos desencarnados vivendo em idêntica volúpia, que se atiravam a desmandos de orgias escabrosas, difíceis de serem descritos do ponto de vista terreno.
“Misturando-se com as pessoas em perfeita sintonia mental, os seres desencarnados, aglomerados pelos desejos desenfreados, agrediam os transeuntes, atingindo-lhes os centros do discernimento com ideias infelizes, nefastas, colocadas imediatamente em prática de conformidade com as tendências de cada indivíduo.
“Formas invisíveis de aspecto vampiresco buscavam as suas vítimas para sugar os plasmas vitais, notadamente o genésico, induzindo-as aos descalabros de toda ordem, inclusive iniciando quadros obsessivos de consequências imprevisíveis.
“As cenas se sucediam em seus aspectos deprimentes e constrangedores, demonstrando que uma faixa expressiva das criaturas humanas ainda se encontra nos limites do instinto, comandada pelos impulsos das sensações animalizantes, sem qualquer sensibilidade pelas emoções superiores.
“Justamente nesse clima de excessos lastimáveis, dois casais que tinham ingressado recentemente nas hostes espíritas resolveram, a pretexto de se despedirem da vida profana e para não sentirem frustrações futuras, pular e dançar nesse verdadeiro caldeirão de sentimentos malsãos.”
Os detalhes da trama vingadora feita contra os filões, por uma Entidade de aspecto patibular e inimiga de uma das senhoras que por sinal estava com a faculdade mediúnica desabrochando, são contados pelo Amigo espiritual com sutilezas doutrinárias portentosas.
O episódio da jovem espírita, que ao retornar para o lar, depois de prestar assistência caridosa a uma pessoa necessitada, sendo alvo da sanha criminosa de delinquentes juvenis, possibilita elucidações preciosas a respeito do motivo das aflições e o valor da oração quando ditada pelo coração.
Todos os fatos narrados nas páginas deste excelente livro espírita atestam a realidade doutrinária a respeito das “relações existentes entre o mundo corporal e o espiritual” a que se reporta Allan Kardec definindo o que é o Espiritismo em “O Livro dos Médiuns.”
Conhecedor profundo dos fenômenos mediúnicos e em praticar da obsessão, o nosso Miranda adverte-nos com insistência sobre a presença do “dedo da treva” nos dramas humanos.
Lendo as suas explicações minudentes, encontramos as razões dos acontecimentos lamentáveis dentro do próprio Movimento Espírita, quando aqueles que se dizem espíritas agridem-se mutuamente, utilizando os próprios Órgãos de divulgação doutrinária, num atestado evidente da falta de amor pela causa do bem.
Completando estas rápidas considerações, abrimos espaço para noticiar a opinião do Venerando Bezerra de Menezes sobre as atividades nos Centros Espíritas durante as festas carnavalescas, constante da obra comentada.
“Nestes dias, nos quais são maiores e mais frequentes os infortúnios, os insucessos, os sofrimentos, é que se deve estar a postos no lar da caridade, a fim de poder-se ministrar socorro. Por fim, quanto às vibrações serem mais perniciosas em dias deste porte, não há dúvida. A providência a ser tomada deve constituir-se de reforço de valor e de energias salutares para enfrentar-se a situação.”


José Ferraz
(Trabalhador Espírita da Mansão do Caminho em Salvador-BA e membro do Projeto Manoel Philomeno de Miranda)

ANO APÓS ANO


Ninguém evolui num dia ou para um dia apenas.
Carecemos de tempo para entender o bem e praticá-lo diuturnamente, absorvendo-o em profundidade, na alma, para o eterno futuro.
Um só pensamento bom, um só ato digno, uma só lição assimilada, não nos bastam à melhoria.
Necessário repetir testemunhos de aprendizado e renovação.
A fraternidade há de avivar-nos o raciocínio, vincar-nos a memória, calejar-nos a mãos, modelar-nos a vida.
Eis porque o espírita, na experi6encia terrestre, precisa repisar atitudes, transpirar no dever e persistir no posto individual de trabalho, ano após ano, para só então se sentir realmente sintonizado com os Bons Espíritos e com os desígnios do Alto, mantidos a seu respeito.
No setor administrativo da instituição doutrinária, há de conhecer tão bem o seu mister, que nenhuma decepção não mais o surpreenda.
No estudo, há de desarticular tantas mesas, consumir tantas cadeiras e deformar tantos livros e material correspondente, sem perceber, que duvidará de semelhantes desgastes.
Na mediunidade, há de amar e compreender tanto os espíritos e os homens que qualquer incompreensão não mais lhe fará perder a paciência.
Na exemplificação da verdade, há de se familiarizar tanto com as necessidades das criaturas que penetrará os anseios do próximo, em muitas ocasiões, apenas por vê-lo.
Na assistência social, há de se inteirar tanto dos menores problemas que lhe dizem respeito, segundo as épocas do ano, as pessoas, os desfavorecidos e os sofrimentos, que se espantará ao perceber o quanto conhece de ciência mental e vida prática.
No culto do Evangelho, há de abordar tantos temas e lições, enfrentando tantos imprevistos e dificuldades, que o terá para si na condição de tarefa claramente imprescindível.
Na imprensa e na tribuna espíritas, há de se habituar tanto com o manejo e os efeitos das palavras que as cultivará e selecionará com devotamento espontâneo.
No campo das provas necessárias, há de exercitar tanto entendimento e tanta paciência diante da dor, que acabará sofrendo todas as humilhações e tribulações da romagem terrestre com o equilíbrio de quem atingiu inarredável serenidade.
Confronta o teu período de conhecimento espírita com o serviço que apresentas na existência humana.
Lógica disciplinando diretrizes, esperança enriquecendo ideais, entendimento clareando destinos, o Espiritismo faz o máximo por nós, sendo sempre o mínimo o esforço que fazemos por ele, nos empreendimentos que nos cabem em auxílio a nós mesmos, no seio da Humanidade.

ANDRÉ LUIZ

Francisco Candido Xavier
 “Sol nas Almas"

AOS CORAÇÕES QUE FICARAM


Teu coração amoroso sofre com a partida do ser amado, que te antecedeu na grande viagem para o Além.
Recordações te torturam; emoções dolorosas te abatem.
Entretanto, raciocina um pouco.
A morte física não separa os afetos, que seguem unidos além do tempo e do espaço.
O ente querido, a quem aspiras reencontrar, segue o próprio caminho na espiritualidade, preparando o momento em que teus corações se tornarão a unir.
Assim, reergue-te da dor e segue para frente.
Tua vontade de viver e servir se refletirá no mais além, preenchendo de ânimo e tranquilidade o coração que partiu.
Ora a Deus, rogando serenidade, a fim de que a dor de agora se converta em ensinamento importante, convidando-te à certeza na imortalidade espiritual.
Do Plano Maior, o coração amado prosseguirá ligado a ti, construindo o próprio destino, sob o amparo de Deus.

Pelo espírito: Scheilla
Fonte: GRUPO DE ESTUDO ALLAN KARDEC

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

SOFRE SEM RECLAMAR


Caminheiros do Além, de retorno à escola da vida, defrontamos com irmãos carentes de conhecimento maior, com dificuldade de sobrevivência para uma vida mais digna, que os habilite a desfrutar das bênçãos que a vida nos empresta.
São irmãos que caminham, ao impulso da vontade do Pai, buscando com dificuldade, a maneira de progredir, buscando o produto de seu esforço, muitas vezes, revestido de penúria e dor.
Convém não andarmos desprevenidos, esquecendo esses irmãos de caminhada, andando muito além do caminho que percorrem.
Quase sempre vem a nós, suplicando-nos amparo imediato, qual se fôssemos almas diferentes, dotados de dons capazes de poder salvar a alguém, e se não estivermos atentos à condição de alunos que nos encontramos, poderemos nos desviar do roteiro traçado pelo Senhor.
Sabemos que o progresso e o avanço, se processam de pouco a pouco com a perseverança do bem, e no que diz respeito aos valores da alma não poderemos fugir ao imperativo de seguir, acompanhando as dores alheias na coletividade em que evoluímos pela vontade do Pai, de hora em hora, dia a dia, dando em parcelas de compreensão, a paciência que recebemos da própria vida aos irmãos aflitos e desorientados, a fim de que, com a ajuda de uns para com os outros, todos possamos alcançar os objetivos que procuramos.
É assim que em nossa colaboração constante, iremos vendo o desenvolvimento dos pequeninos, a realização das tarefas dos fracos pela perseverança no esforço próprio, e a conquista da fé pela confiança que iremos depositando de uns para com os outros, acreditando na justiça e no Amor do Pai para com todos.


07/01/1984 Paz, Amor e Caridade
médium Aurora Barba

O PASSE


Meu amigo, o passe é transfusão de energias físiopsíquicas, operação de boa vontade, dentro da qual o companheiro do bem cede de si mesmo em teu benefício.
Se a moléstia, a tristeza e a amargura são remanescentes de nossas imperfeições, enganos e excessos, importa considerar que, no serviço do passe, as tuas melhoras resultam da troca de elementos vivos e atuantes.
Trazes detritos e aflições e alguém te confere recursos novos e bálsamos reconfortantes.
No clima da prova e da angustia és portador da necessidade e do sofrimento.
Na esfera da prece e do amor um amigo se converte no instrumento da Infinita Bondade para que recebas remédio e assistência.
Ajuda o trabalho de socorro aqui mesmo com esforço da limpeza interna.
Esquece os males que te apoquentam, desculpa as ofensas das criaturas que te não compreendem, foge ao desânimo destrutivo e enche-te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam.
O mal é sempre a ignorância, e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranquilidade.
Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro.
Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro.
Não abuses, sobretudo daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado, tão-só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos.
O passe exprime, também, gastos de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto com infantilidade e ninharias.
Se necessitas de semelhante intervenção recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua expectativa nas fontes celestes do suprimento divino, humilha-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por todos nós, porque, de conformidade com as letras sagradas, “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”

Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 “Segue-me!...”. 7. ed. Matão, SP: Casa Editora O Clarim, 1994, “O Passe”. P. 131-132.

MATERIALISTAS



Muitas vezes nos perguntamos como pode haver materialistas quando, tendo eles passado pelo mundo espiritual, deveriam ter do mesmo a intuição; ora, é precisamente essa intuição que é recusada a alguns Espíritos que, conservando o orgulho, não se arrependeram das suas faltas. Para esses tais, a prova consiste na aquisição, durante a vida corporal e à custa do próprio raciocínio, da prova da existência de Deus e da vida futura que têm, por assim dizer, incessantemente sob os olhos. Muitas vezes, porém, a presunção de nada admitir, acima de si, os empolga e absorve. Assim, sofrem eles a pena até que, domado o orgulho, se rendem à evidência." (O Céu e o Inferno, 2ª Parte, cap. V, 45. ed. FEB, p. 313-314).
Aos materialistas não faleis de revelação, nem de anjos, nem do paraíso: não vos compreenderiam. Colocai-vos, porém, no terreno em que eles se encontram e provai-lhes primeiramente que as leis da Fisiologia são impotentes para tudo explicar; o resto virá depois. [17b - página 43 item 21]
Cada um é, seguramente, livre para crer no que lhe agrada, ou para não crer em nada, e não desculparíamos mais uma perseguição contra aquele que crê no nada depois da morte, que contra um cismático de uma religião qualquer. Combatendo o materialismo, nós atacamos não os indivíduos, mas uma doutrina que, se é inofensiva para a sociedade quando se encerra no foro íntimo da consciência de pessoas esclarecidas, é uma calamidade social, se ela se generaliza.
A crença de que tudo termina para o homem depois da morte, que toda solidariedade cessa com a vida, o conduz a considerar o sacrifício do bem-estar presente em proveito de outro como uma intrujice; daí a máxima: cada um por si durante a vida, uma vez que nada há além dela. A caridade, a fraternidade, a moral, não têm nenhuma base, nenhuma razão de ser. Por que se mortificar, se reprimir, se privar hoje quando, amanhã talvez, não existiremos mais? A negação do futuro, a simples dúvida sobre a vida futura, são os maiores estimulantes do egoísmo, fonte da maioria dos males da Humanidade. É preciso uma virtude bem grande para se deter sobre a inclinação do vício e do crime, sem outro freio além da força da vontade. O respeito humano pode conter o homem do mundo, mas não aquele para o qual o temor da opinião pública é nulo.
A crença na vida futura, mostrando a perpetuidade das relações entre os homens, estabelece entre eles uma solidariedade que não termina no túmulo; ela muda, assim, o curso das ideias. Se essa crença fosse apenas um espantalho, seria temporária; mas como sua realidade é um fato adquirido pela experiência, ela está no dever de a propagar e de combater a crença contrária, no interesse mesmo da ordem social. É isso o que faz o Espiritismo, e com sucesso, porque dá as provas, e porque, em definitivo, o homem prefere ter a certeza de viver feliz em um mundo melhor, como compensação às misérias deste mundo, do que crer estar morto para sempre. O pensamento de se ver aniquilado para sempre, de crer os filhos e os seres que nos são caros, perdidos sem retorno, sorri a um bem pequeno número, crede-me; por isso os ataques dirigidos contra o Espiritismo em nome da incredulidade têm tão pouco sucesso, e não o abalaram um instante.


Allan Kardec

domingo, 8 de fevereiro de 2015

ASSÉDIO ESPIRITUAL


É muito importante entendermos que nos casos de obsessão ou assédio, sempre há sintonia psicoemocional entre os envolvidos.
Para que um espírito possa influenciar alguém, transmitindo-lhe ideias ou induzindo essa pessoa a se comportar de determinada maneira, a semelhança de pensamentos e sentimentos (no caso, emoções) entre ambos é fundamental.
A pessoa até pode sentir a energia desequilibrada de um espírito atingi-la (e se proteger disso), mas para que o assédio ou obsessão se estabeleça de fato, o desencarnado irá reforçar uma ideia ou emoção que o assediado tenha. Ou seja, a raiz do problema está na “vítima”...
Por exemplo: Um sujeito tem tendência para usar a bebida alcoólica como fuga psicológica das dificuldades que enfrenta. Ele passa na frente de um bar, vê a bebida, pensa no ato de beber e sente o desejo, pois imagina que ao beber sua angústia será amenizada.
Este sujeito pode até tentar mudar o rumo dos pensamentos, passar direto... Mas, alguns espíritos na mesma carência por álcool, atraídos por sua psicosfera (a aura, formada pelo que sentimos e pensamos), passarão a induzir a “vítima”, num processo de simbiose, que no início pode ser mais sutil, mas que irá se fortalecer conforme o encarnado for se permitindo alimentar os pensamentos e emoções induzidos.
Então, o que era um pequeno desejo passa a se tornar algo irresistível. Inevitavelmente, esta pessoa irá voltar a beber, cedo ou tarde, se o processo persistir.
Assuma o controle! Busque auxílio espiritual e orientação profissional. Faça as escolhas e mudanças necessárias em sua vida, para não ficar o tempo todo em uma auto-obsessão. Autoconhecimento e reforma íntima são o caminho para a sabedoria.


Fonte: Revista Cristã de Espiritismo

A Língua


Não obstante pequena e leve, a língua é, indubitavelmente, um dos fatores determinantes no destino das criaturas.
Ponderada — favorece o juízo.
Leviana — descortina a imprudência.
Alegre — espalha o otimismo.
Triste — semeia desânimo.
Generosa — abre caminho à elevação.
Maledicente — cava despenhadeiros.
Gentil — provoca o reconhecimento.
Atrevida — atrai o ressentimento.
Serena — produz calma.
Fervorosa — impõe confiança.
Descrente — invoca a frieza.
Bondosa — auxilia sempre.
Descaridosa — fere sem perceber.
Sábia — ensina.
Ignorante — complica.
Nobre — cria o respeito.
Sarcástica — improvisa o desprezo.
Educada — auxilia a todos.
Inconsciente — gera desequilíbrio.
Por isso mesmo, exortava Jesus:
— “Não procures o argueiro nos olhos de teu irmão, quando trazes uma trave nos teus.”

A língua é a bússola de nossa alma enquanto nos demoramos na Terra.

Conduzamo-la, na romagem do mundo, para a orientação do Senhor, porque, em verdade, ela é a força que abre as portas do nosso coração às fontes da vida ou às correntes da perturbação e da morte.

Pelo Espírito André Luiz
Francisco Cândido Xavier

Apostilas da Vida. IDE. Capítulo 16.

O Evangelho segundo o Espiritismo



"O homem pode abrandar ou aumentar o amargor das suas provas, pela maneira de encarar a vida terrena. Maior é o seu sofrimento, quando o considera mais longo. Ora, aquele que se coloca no ponto de vista da vida espiritual, abrange na sua visão a vida corpórea, como um ponto do infinito, compreendendo a sua brevidade, sabendo que esse momento penoso passa bem depressa. A certeza de um futuro próximo e mais feliz o sustenta e encoraja, e em vez de lamentar-se, ele agradece ao céu as dores que o fazem avançar. Para aquele que, ao contrário, só vê a vida corpórea, esta parece interminável, e a dor pesa sobre ele com todo o seu peso. O resultado da maneira espiritual de encarar a vida é a diminuição de importância das coisas mundanas, a moderação dos desejos humanos, fazendo o homem contentar-se com a sua posição, sem invejar a dos outros, e sentir menos os seus revezes e decepções. Ele adquire, assim, uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do corpo como à da alma, enquanto com a inveja, o ciúme e a ambição, entrega-se voluntariamente à tortura, aumentando as misérias e as angústias de sua curta existência."


Allan Kardec 

Nunca atravessei um dia sem luta...


“Nunca atravessei um dia sem luta... Quando as coisas corriam muito bem para mim, eu podia esperar – no final da tarde, ou da noite, aparecia o problema... Mas, eu nunca pude me dar o luxo de ficar choramingando. Emmanuel dizia: - Chico, o médium tem que deixar o problema de lado; médium que não aprende a esquecer e seguir adiante, que não remove de dentro de si mesmo os obstáculos, compromete o trabalho... Então, eu tinha que sofrer calado, não dando mais que dois ou três minutos de atenção ao aborrecimento...”
“Quem mais sofre no mundo é quem tem mais tempo para si mesmo. Quando o sofrimento alheio nos incomoda, o nosso não nos incomoda tanto... Eu tinha que ir para o “Luiz Gonzaga” escutar o povo, escutando aquela fila, acabava me convencendo de que o que eu sofria não era nada... A gente tem a mania de dramatizar em excesso a própria dor!”

Carlos A. Baccelli

Do Livro: O Evangelho de Chico Xavier 

Inspirações espirituais



Ninguém avança pela estrada do progresso espiritual sem o auxílio de Deus.
Muitas vezes esse auxílio nos é oferecido por intermédio dos nobres Espíritos que se transformaram em guias da Humanidade.
Esses operosos servidores do bem estão sempre próximos de todos aqueles que lhes rogam ajuda ou que, por meio da oração e dos pensamentos elevados, sintonizam com suas presenças.
São conhecedores de algumas ocorrências que estão delineadas nas existências de seus pupilos e dos desafios que os mesmos devem vivenciar.
Por isso, inspiram-nos e guiam-nos pelo caminho mais apropriado para o sucesso, ou advertem-nos dos perigos iminentes que os espreitam.
Através dessa inspiração é que ocorre o pressentimento.
Ele é uma maneira eficaz da criatura parar e reflexionar em torno do que deve realizar e de como conduzir-se, contornando as dificuldades e avançando sem receio pela trilha do progresso.
No entanto, caso o ser se deixe levar por atitudes equivocadas e rebeldes, não será capaz de se manter em sintonia com os Espíritos superiores.
Em virtude das suas opções mentais e comportamentais, ele estará sob a influência de Espíritos infelizes.
Esses, hábeis na técnica de transmitir ideias deprimentes e de conteúdos perturbadores, atormentam e iludem os imprevidentes.
E, quando as entidades venerandas buscam de alguma forma orientá-los, esses, pela falta de hábito de assimilar-lhes as nobres ideias, recusam-nas, voltando às mesmas paisagens mentais que os infelicitam.
Os pressentimentos, desse modo, devem ser analisados com cautela, avaliando-se qual a sua origem e de que tipos de mensagem são portadores.
Afinal, podem ser valiosas orientações a afastar-nos do mal, ou maléficas sugestões a impelir-nos ao equívoco.
Cabe-nos o uso do discernimento para avaliar com imparcialidade nossa conduta usual e a natureza da influência que recebemos.
Há, ainda, a possibilidade de que os pressentimentos sejam ideias do próprio ser, que voltam à tela mental na forma de intuição, mas que nada mais são do que recordações de compromissos anteriormente assumidos.
Ressurge do inconsciente pessoal como eficiente maneira de conduzir o ser ao reequilíbrio e, assim, evitar novos tropeços.
Os pressentimentos são fenômenos que muito podem contribuir para a felicidade das criaturas.
No entanto, quando negativos ou ameaçadores, devem nos servir de motivo para que nos entreguemos à prece e a elevados pensamentos.
Alterando, assim, nossa faixa vibratória, seremos capazes de nos afastar de influências funestas e infelizes e, por consequência, receber a orientação benfazeja da Espiritualidade superior.
Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, indagou certa ocasião, aos Espíritos superiores a respeito da influência dos Espíritos nos pensamentos e nos atos dos seres encarnados.
Foi-lhe respondido que essa influência é muito maior do que se poderia imaginar.
Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem – consta na resposta à questão número 459 de O livro dos Espíritos.
Ora, cientes de que tal influência é usual e intensa, cabe-nos aprender a distinguir nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos.
Além disso, devemos ter em mente que os bons Espíritos sempre nos aconselham para o bem.
Os Espíritos infelizes, porém, são incapazes disso.
Resta-nos, portanto, usar o bom senso para fazermos tal diferenciação e nos valermos apenas das orientações que nos possam levar ao caminho do bem e da verdade.


Redação do Momento Espírita, com base no cap.13, do livro Lições para a felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL e no cap. IX,
pt. 2, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 18.11.2013.

LOCAIS ASSOMBRADOS



As manifestações espontâneas verificadas em todos os tempos, e a insistência de alguns Espíritos em mostrarem a sua presença em certos lugares, constituem a origem da crença nos locais mal-assombrados. As respostas seguintes foram dadas a perguntas feitas a esse respeito.

1. Os Espíritos se apegam somente a pessoas ou também a coisas?

— Isso depende da sua elevação. Certos Espíritos podem apegar-se às coisas terrenas. Os avarentos, por exemplo, que viveram escondendo as suas riquezas e não estão suficientemente desmaterializados, podem ainda espreitá-los e guardá-los.

2. Os Espíritos errantes têm predileção por alguns lugares?

— Trata-se ainda do mesmo princípio. Os Espíritos já desapegados das coisas terrenas preferem os lugares onde são amados. São mais atraídos pelas pessoas do que pelos objetos materiais. Não obstante, há os que podem momentaneamente ter preferência por certos lugares, mas são sempre Espíritos inferiores.

3. Desde que o apego dos Espíritos por um local é sinal de inferioridade, será também de que são maus espíritos?

— Claro que não. Um Espírito pode ser pouco adiantado sem que por isso seja mau. Não acontece o mesmo entre os homens?

4. A crença de que os Espíritos frequentam, de preferência, as ruínas, têm algum fundamento?

— Não. Os Espíritos vão a esses lugares como a toda parte. Mas a imaginação é tocada pelo aspecto lúgubre de alguns lugares e atribui aos Espíritos efeitos na maioria das vezes muito naturais. Quantas vezes o medo não fez tornar a sombra de uma árvore por um fantasma, o grunhido de um animal ou o sopro do vento por um gemido? Os Espíritos gostam da presença humana e por isso preferem os lugares habitados aos abandonados.

4.a. Entretanto, pelo que sabemos da diversidade de temperamento dos Espíritos, deve haver misantropos entre eles, que podem preferir a solidão.

— Por isso não respondi à pergunta de maneira absoluta. Disse que eles podem ir aos lugares abandonados como a toda parte. É evidente que os que se mantêm afastados é porque isso lhes apraz. Mas isso não quer dizer que as ruínas sejam forçosamente preferidas pelos Espíritos, pois o certo é que eles se acham muito mais nas cidades e nos palácios do que no fundo dos bosques.

5. As crenças populares, em geral, têm um fundo de verdade. Qual a origem da crença em lugares assombrados?

— O fundo de verdade, nesse caso, é a manifestação dos Espíritos em que o homem acreditou, por instinto, desde todos os tempos. Mas, como já disse, o aspecto dos lugares lúgubres toca-lhe a imaginação e ele os povoa naturalmente como os seres que consideram sobrenaturais. Essa crença supersticiosa é entretida pelas obras dos poetas e pelos contos fantásticos com que lhe embalaram a infância. (1)

6. Os Espíritos que se reúnem escolhem para isso dias e horas de sua predileção?

— Não. Os dias e as horas são usados pelo homem para controle do tempo, mas os Espíritos não precisam disso e não se inquietam a respeito. (2)

7. Qual a origem da ideia de que os Espíritos aparecem de preferência à noite?

— A impressão produzida na imaginação pelo escuro e o silêncio. Todas essas crenças são superstições que o conhecimento racional do Espiritismo deve destruir. O mesmo se dá com a crença em dias e horas propícias. Acreditai que a influência da meia-noite jamais existiu, a não ser nos contos.

7.a. Se for assim, porque certos Espíritos anunciam a sua chegada e a sua manifestação para àquela hora e em dias determinados, como a sexta-feira, por exemplo?

— São Espíritos que se aproveitam da credulidade humana para se divertirem. É pela mesma razão que uns se dizem o Diabo ou se dão nomes infernais. Mostrai-lhes que não sois tolos e eles não voltarão.

8. Os Espíritos visitam de preferência os túmulos em que repousam os seus corpos?

— O corpo não era mais que uma veste. Eles não ligam mais para o envoltório que os fez sofrer do que o prisioneiro para as algemas. A lembrança das pessoas que lhes são caras é a única coisa a que dão valor. (3)

8. a. As preces que se fazem sobre os seus túmulos são mais agradáveis para eles, e os atraem mais do que as feitas em outros lugares?

— A prece é uma evocação que atrai os Espíritos, como o sabeis. A prece tem tanto maior ação, quanto mais fervorosa e mais sincera. Ora, diante de um túmulo venerado as pessoas se concentram mais e a conservação de relíquias piedosas é um testemunho de afeição que se dá ao Espírito, ao qual ele é sempre sensível. É sempre o pensamento que age sobre o Espírito e não os objetos materiais. Esses objetos influem mais sobre aquele que ora, fixando-lhe a atenção, do que sobre o Espírito.

9. Diante disso, a crença em locais assombrados não pareceria absolutamente falsa?

— Dissemos que certos Espíritos podem ser atraídos por coisas materiais: podem sê-lo por certos lugares, que parecem escolher como domicílio até que cessem as razões que os levaram a isso.

9. a . Quais as razões que podem levá-los a isso?

— Sua simpatia por algumas das pessoas que frequentam os lugares ou o desejo de se comunicarem com elas. Entretanto, suas intenções nem sempre são tão louváveis. Quando se trata de maus Espíritos, podem querer vingar-se de certas pessoas das quais tem queixas. A permanência em determinado lugar pode ser também, para alguns, uma punição que lhe foi imposta, sobretudo se ali cometeram, para que tenham constantemente esse crime diante dos olhos. (4)

10. Os locais assombrados sempre o são por seus antigos moradores?

— Algumas vezes, mas não sempre, pois se o antigo morador for um Espírito elevado não ligará mais à sua antiga habitação do que ao seu corpo. Os Espíritos que assombram certos locais quase sempre o fazem só por capricho, a menos que sejam atraídos pela simpatia por alguma pessoas.

10. a . Podem eles fixar-se no local para proteger uma pessoa ou sua família?

— Seguramente, se são Espíritos bons. Mas nesse caso jamais se manifestam de maneira desagradável.

11. Há alguma coisa de real na estória da Dama Branca?

— É um conto extraído de mil fatos que realmente se verificaram. (5)

12. É racional temer os lugares assombrados por Espíritos?

— Não. Os Espíritos que assombram certos lugares e os põem em polvorosa procuram antes divertir-se à custa da credulidade e da covardia das criaturas, do que fazer mal. Lembrai-vos de que há Espíritos por toda parte e de que onde estiverdes tereis Espíritos ao vosso lado, mesmo nas mais agradáveis casas. Eles só parecem assombrar certas habitações porque encontram nelas a oportunidade de manifestar a sua presença. (6)

13. Há um meio de expulsá-los?

— Sim, mas quase sempre o que se faz para afastá-los serve mais para atraí-los. O melhor meio de expulsar os maus Espíritos é atrair os bons. Portanto, atrai os bons Espíritos, fazendo o maior bem possível, que os maus fugirão, pois o bem e o mal são incompatíveis. Sede sempre bons e só tereis bons Espíritos ao vosso lado.

13. a. Mas há pessoas muito boas que vivem às voltas com as tropelias dos maus Espíritos.

— Se essas pessoas forem realmente boas, isso pode ser uma prova para exercitar-lhes à paciência e incitá-las a serem ainda melhores. Mas não acrediteis que os que mais falam da virtude é que a possuem. Os que possuem qualidades reais quase sempre o ignoram ou nada falam a respeito.

14. Que pensar da eficácia do exorcismo para expulsar os maus Espíritos dos locais assombrados?

— Vistes muitas vezes esse meio dar resultados? Não vistes, pelo contrário, redobrar-se a tropelia após as cerimônias de exorcismo? É que eles se divertem ao serem tomados pelo Diabo. Os Espíritos que não tem más intenções podem também manifestar a sua presença por meio de ruídos ou mesmo tornarem-se visíveis, mas não fazem jamais tropelias incômodas. São quase sempre Espíritos sofredores, que podeis aliviar fazendo preces por eles. De outras vezes são mesmo Espíritos benevolentes que desejam provar a sua presença junto a vós, ou, por fim, Espíritos levianos que se divertem. Como os que perturbam o repouso com barulhos são quase sempre Espíritos brincalhões, o que melhor se tem a fazer é rir do que fazem. Eles se afastam ao verem que não conseguem amedrontar ou impacientar. (7)

Resulta das explicações acima que há Espíritos que se apegam a certos locais, preferindo permanecer neles, se que, entretanto, tenham necessidade de manifestar a sua presença por meio de efeitos sensíveis. Qualquer local pode ser a morada obrigatória ou da preferência de um Espírito, mesmo que seja mau, sem que jamais haja produzido qualquer manifestação.

Os Espíritos que se ligam a locais ou coisas materiais nunca são superiores. Contudo, mesmo que não sejam superiores, não têm de ser necessariamente maus, ou alimentar más intenções. Não raro, são, algumas vezes, companheiros mais úteis do que prejudiciais, pois, caso se interessem pelas pessoas, podem protegê-las.


Texto retirado do “Livro dos Médiuns” (Capítulo 9)– Allan Kardec


(1) O instinto a que o espírito se referiu não é o biológico, mas o espiritual: a lembrança instintiva do Outro Mundo, do qual ele veio para a Terra.

(2) Creio que temos que levar em consideração que “O Livro dos Médiuns” foi escrito em 1861. Hoje em dia sabemos que sim, os Espíritos possuem uma certa organização, inclusive em termos de horários, principalmente a Espiritualidade Amiga, quando trabalha juntamente com nós, encarnados, no auxílio em nome do Bem. Daí a importância de nós reservarmos sempre dias e horas específicas para a realização dos trabalhos, como por exemplo, o “
Evangelho no Lar”, e seguirmos à risca, visto que a Espiritualidade ajuda a todos, mas não é nossa “escrava”...

(3) Apesar desse relato, podemos ver nas obras de André Luiz diversos casos em que os espíritos permanecem meses, ou até mesmo anos, ligados ao seu envoltório físico, seja por desconhecimento do seu desencarne, seja por medo de desligar-se do mesmo, por excessivo apego às formas físicas, seja por ação de outros espíritos, que os mantêm ligados ao corpo apenas por maldade, para que o mesmo sinta a decomposição da carne etc... Afinal, como o próprio André Luiz fala, nenhum desencarne é igual ao outro. Com isso, podemos perceber, que, ainda que muito espíritas “ortodoxos” afirmem que André Luiz contraria Allan Kardec, trata-se justamente do contrário: seus relatos complementam a grande obra iniciada pelo Codificador do Espiritismo.

(4) Ver a Revista Espírita de fevereiro de 1860: História de um danado – O caso mencionado não só confirma a explicação acima, como também representa um dos episódios mais instrutivos da pesquisa espírita realizada por Kardec. Indispensável a sua leitura para a boa compreensão do problema tratado neste capítulo.

(5) A Dama Branca é uma figura das antigas mitologias escocesas e alemãs que aparece em lendas populares.

(6) O filósofo grego Tales de Mileto dizia: "O mundo é cheio de deuses". “Os deuses antigos eram Espíritos”, segundo o Espiritismo. A afirmação de Tales concorda com essa da resposta acima. Há Espíritos por toda parte. Ver em O Livro dos Espíritos o cap. IX da segunda parte: Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo.

(7) Sobre este assunto, ver o capítulo V do Livro dos Médiuns: Manifestações Físicas Espontâneas.

Fonte: 

ESPÍRITA NA NET

MORTE PREMATURA DE FILHOS


Muitos pais de família deploram a morte prematura de filhos, para cuja educação fizeram muitos sacrifícios e dizem que tudo foi em pura perda. Com o Espiritismo, não lamentam tais sacrifícios, e estariam prontos a os fazer, mesmo com a certeza de ver morrerem os filhos, porque sabem que se estes não aproveitam essa educação no presente, ela servirá de começo ao seu avanço como Espíritos, pois será uma aquisição para uma nova existência e que, voltando, terão uma bagagem intelectual que os tornará mais aptos para adquirir novos conhecimentos. Tais são essas crianças que, ao nascerem trazem ideias inatas e que sabem, por assim dizer, sem terem tido necessidade de aprender.
Se, como pais, não têm a satisfação imediata de ver seus filhos tirar proveito dessa educação, certamente gozarão mais tarde, quer como Espíritos, quer como homens. Talvez sejam novamente os pais desses mesmos filhos, que se dizem felizmente dotados pela natureza, e que devem suas aptidões a uma precedente educação. Como, também, se esses filhos se tornam maus por força da negligência de seus pais, estes podem ter que os sofrer mais tarde, pelos aborrecimentos e desgostos que lhes suscitarão numa nova existência.

Allan Kardec