Na
espiritualidade o sentimento é de uma força e suavidade que mostra o que existe
entre os espíritos que o sentem. Tanto mais fácil perceber este elo afetivo,
quanto mais desenvolvido moral e espiritualmente é o espírito.
Já
durante a encarnação, há uma limitação imposta pelo esquecimento do passado,
uma vantagem que Deus nos proporcionou para que o livre-arbítrio fosse pleno em
nós. Quando encarnamos esquecemos-nos do passado, e deixamos adormecidas
lembranças e sentimentos.
Se
duas almas que se amam se encontram, talvez não venham a perceber imediatamente
a importância real de uma na vida da outra, mas sentirão empatia, simpatia
ímpar e profunda, o que as faz pender para a pessoa que acabaram de conhecer na
nova encarnação. O reconhecimento de um amor de milênios pode ser forte e
imediato, mas em geral, para nos facilitar a vida, surge doce e suave, lenta e
profundamente.
O
fato de duas almas terem aprendido a amar-se e que se procuram para continuar
juntas sua jornada – encontrarem-se na encarnação, não significa
necessariamente que devam ficar juntas, enquanto a experiência terrena estiver
em andamento. Há reencontros que acontecem para que formem família,
exemplifiquem o sentimento, evoluindo e dando, uma à outra, força nas provas,
expiações e missões que vieram cumprir. É bem comum também que afetos verdadeiros
não se encontrem, que estejam, cada um, vivendo experiências com outras almas,
de modo a ampliar os laços do amor fraternal. Neste caso, costumam aliviar a
saudade através de visitas em espírito (sonhos).
Há
ainda outra possibilidade, em geral prova bem difícil por exigir o mais amplo
sentimento de resignação, coragem e amor ao próximo: duas almas encontrarem-se,
reconhecerem-se, amarem-se e não poderem ficar juntas porque já estão
comprometidas com outras pessoas e famílias.
E
porque Deus faria isso?
Deus
não fez. As próprias almas pediram esta prova como exercício expiatório e prova
de resistência de suas más tendências, em geral, o egoísmo.
Imaginemos…
Duas
almas aprendem a se amar; almas gêmeas que se tornam, escolhem experiências que
irão fazê-las evoluir. Espíritos ainda em progresso, possuem defeitos morais
que estão trabalhando nas existências. Nascem juntas, separadas, na mesma
família, em outras, entre amigos ou inimigos. Entre tantas vidas, numa optam
por temporariamente (o que são os anos de uma encarnação perante a
imortalidade?) por encarnarem separadas. Casam-se com outras pessoas, formam
famílias. Mas um dia encontram-se. Reconhecem-se. O amor ressurge. Seus compromissos
espirituais são logo esquecidos, desejam-se. Eles deveriam resistir à tentação
de trair, de abandonar os companheiros, os filhos, os compromissos, construindo
falsa felicidade sobre lágrimas alheias. No entanto cedem. Traem, abandonam,
fogem… não importa. Querem ser felizes e isso lhes basta. É o egoísmo e a falta
de fé no futuro, que lhes dirige a ação.
Mas
não há real felicidade senão a conquistada no direito e na justiça. Se vencerem
a tentação de fazer o que citamos, terão no futuro o mérito de estar uma com a
outra. Se se deixam arrastar pelas paixões, estarão fadadas a novos
afastamentos, lições dolorosas.
Escolhem
esta experiência porque a visão que têm na espiritualidade é diferente da
limitada visão da encarnação. Melhor abrir temporariamente mão da presença
amada, já que o afeto não se esvai na ausência, do que abrir mão de estarem
juntos em várias vidas e seus intervalos. Sendo o egoísmo o único motivador (e
não o amor) da escolha de ficarem juntos a qualquer preço, constrói-se sólido
castelo sobre a areia das ilusões. Fatalmente ele desmoronará, e será preciso
reconstruí-lo.
Postado
por LETRA ESPIRITA
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