“Dá-se
ao que já tem e tira-se ao que não tem.”
Meditai esses grandes ensinamentos que se vos hão por vezes afigurado
paradoxais.
Aquele
que recebeu é o que possui o sentido da palavra divina; recebeu unicamente
porque tentou tornar-se digno dela e porque o Senhor, em seu amor
misericordioso, anima os esforços que tendem para o bem.
Aturados,
perseverantes, esses esforços atraem as graças do Senhor; são um ímã que chama
a si o que é progressivamente melhor, as graças copiosas que vos fazem fortes
para galgar a montanha santa, em cujo cume está o repouso após o labor.
“Tira-se
ao que não tem, ou tem pouco.” Tomai isso como uma antítese figurada.
Deus não retira das suas criaturas o bem que se haja dignado de fazer-lhes.
Homens
cegos e surdos, abri as vossas inteligências e os vossos corações; vede pelo
vosso espírito; ouvi pela vossa alma e não interpreteis de modo tão
grosseiramente injusto as palavras daquele que fez resplandecesse aos vossos
olhos a justiça do Senhor.
Não
é Deus quem retira daquele que pouco recebera: é o próprio Espírito que, por
pródigo e descuidado, não sabe conservar o que tem e aumentar, fecundando-o, o
óbolo que lhe caiu no coração.
Aquele
que não cultiva o campo que o trabalho de seu pai lhe granjeou, e que lhe coube
em herança, o vê cobrir-se de ervas parasitas.
É
seu pai quem lhe tira as colheitas que ele não quis preparar?
Se,
à falta de cuidado, deixou fenecessem as sementes destinadas a produzir nesse
campo, é a seu pai que lhe cabe acusar por nada produzirem elas?
Não
e não. Em vez de acusar aquele que tudo lhe preparara, de criticar as doações
que recebera, queixe-se do verdadeiro autor de suas misérias e, arrependido e
operoso, meta, corajoso, mãos à obra; arroteie o solo ingrato com o esforço de
sua vontade; lavre-o fundo com auxílio do arrependimento e da esperança; lance
nele, confiante, a semente que haja separado, por boa, dentre as más; regue-o
com o seu amor e a sua caridade, e Deus, o Deus de amor e de caridade, dará
àquele que já recebera.
Verá
ele, então, coroados de êxito os seus esforços e um grão produzir cem e outro
mil.
Ânimo,
trabalhadores! Tomai dos vossos arados e das vossas charruas; lavrai os vossos corações;
arrancai deles a cizânia; semeai a boa semente que o Senhor vos confia e o
orvalho do amor lhe fará produzir frutos de caridade.
Um
Espírito amigo. (Bordéus, 1862.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. XVIII, item 15)
O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. XVIII, item 15)
Nenhum comentário:
Postar um comentário