terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

UMA LUZ NA ESCURIDÃO


Havia um rapaz que possuía um dom especial. De vez em quando ele conseguia se desprender do seu corpo físico e, em espírito, visitar outros locais. Ele se deslocava com seu corpo espiritual a distâncias consideráveis, utilizando apenas a força do pensamento. No entanto, esse dom era utilizado de uma forma positiva; assim que saía do corpo, ele percorria local onde as pessoas precisassem dele, e assim fazia o bem.
Certo dia, ele visitou um local que muitos poderiam chamar de “inferno”. Neste submundo encontravam-se espíritos errantes, viciados, apegados, raivosos, perturbados e ignorantes. Havia muita desgraça, fome, desespero, dor, sofrimento, conflitos e medo. Tratava-se de uma zona inferior para onde eram atraídas muitas almas endividas com o plano divino.
Tudo era escuro, cálido, lamacento, asqueroso e feio. Vez por outra ouviam-se gritos de terror e desespero. A atmosfera era pesada, densa e hostil. Era possível ver as almas presas à lama, correndo, caídas no chão, sujas, maltrapilhas, sangrando, falando sozinhas ou ofendendo umas as outras. Uma visão aterradora de um local imerso em profundo sofrimento. Esse espaço interminável de trevas representava todo o clima negativo que permeia o nosso mundo.
O rapaz estava ali, mais uma vez, para tentar ajudar as almas em intenso sofrimento. Ele caminhava pelo “vale da sombra e da morte” e escolhia um e outro espírito que estivesse mais apto a ser socorrido. Num certo momento, percebeu um homem diferente. Estava limpo, caminhando tranquilamente e com olhar sereno.
O rapaz se aproximou deste homem que destoava do todo aquele entorno de escuridão. Chamou-o e perguntou o que fazia ali. O homem abriu sua camisa e, subitamente, uma luz branca e dourada se irradiou pelo ambiente, obrigando todas as almas próximas a fecharem os olhos por não suportarem aquele forte clarão repentino. O homem se surpreendeu com tamanha luminosidade e perguntou:
– Quem é você?
– Sou o Anjo Gabriel – disse o homem.
O rapaz se surpreendeu muito com a resposta. No entanto, ele sabia que alguém com toda aquela iluminação espiritual seria incapaz de mentir. O rapaz então disse:
– Senhor, vejo que estás aqui, neste vale sombrio de intensas trevas. Mas aqui não é um lugar apropriado a um ser de tanta luz e bondade. O senhor não deveria estar nas regiões celestes?
O anjo respondeu:
– Não… É exatamente aqui, neste local de erro, trevas e destruição, onde mais precisam de mim. É justamente onde há escuridão que um anjo deve levar a sua luz.


Hugo Lapa

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