domingo, 18 de outubro de 2015

VALORES


Somente quando algo se perde, seja de ordem material, afetiva, espiritual ou moral, boa parte das pessoas passa a perceber o quanto esse algo valia. E quando esse momento chega, quase sempre é tarde demais para consertar os danos.
Muitos destroem a saúde com abusos de toda espécie entrando em colapso mental quando a doença aparece, devido ao medo da morte. Outros tantos desprezam reiteradamente os sentimentos alheios tais como o amor e a amizade, e somente quando a pessoa desprezada cansa e vai embora, é que pensam que as amava também. Não raro os filhos tratam os pais como inúteis e ultrapassados e quando eles desencarnam, entram em pânico pensando em como estarão, se os perdoaram, se continuarão amando seus filhos na vida além da vida. O chefe e o emprego insuportáveis, de pouco ganho e muito esforço, são motivos de lamentação quando a carta de demissão é recebida...
O ser humano, genericamente falando e por algum motivo misterioso, aprendeu a valorizar mais o que não tem ou o que perdeu. Não aproveita o aqui e o agora, não valoriza o que tem nem com quem está, deseja sempre o que as mãos não alcançam, o coração não possui, a alma não atingiu.
Por conta disso vive a infelicidade aos pés de uma felicidade possível, mergulha no inferno em meio a um céu viável de ser vivido, experimenta a agonia em meio a todas as bençãos.
E como temos que despertar para progredir, fica no ar uma pergunta... temos amado quem está ao lado, cuidado do que possuímos, valorizado o que a vida nos forneceu, por mais imperfeito que seja? Se a resposta for "não", cuidado, tudo tem fim, não só a vida... e o tempo de cada coisa depende muito de quanto somos capazes de lhe dar o devido valor.
Dar valor ao que se tem é parte das nossas responsabilidades, assumidas antes de encarnar. Se estamos nos desviando dessa rota, toda atenção é pouca, pois os maiores prejudicados, candidatos voluntários ao sofrimento, somos nós mesmos.


Vania Mugnato de Vasconcelos

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