terça-feira, 27 de outubro de 2015

O corpo e o espírito



– Então, Chico, como vai?
– O corpo vai mal. O espírito está ótimo.
Essa resposta do grande médium àqueles que o cumprimentavam e desejavam saber de sua saúde, precária nos últimos tempos, resume toda uma grandiosa filosofia de vida.
O corpo é apenas a máquina que usamos no trânsito pela carne. Diga-se de passagem, maravilhosa, perfeita em suas finalidades. Jamais os cientistas deixarão de encantar-se com esse incrível veículo de peças vivas, que nos faculta uma bolsa de estudos na escola da reencarnação.
Viajantes da eternidade em trânsito pela Terra, em princípio usamos a máquina física como quem desfruta de um automóvel de quilometragem zero. A plenitude física ajuda-nos a enfrentar os desafios da jornada – escola, profissão, casamento, família, subsistência…
O problema está no uso indevido, nos arrastamentos, nas viciações, comprometendo a relação corpo/espírito. O comportamento de muitos, nessa fase, sugere inversão do breve diálogo com Chico Xavier, que abre estas considerações:
– Então, como vai?
– O corpo vai bem. O espírito está mal.
É lamentável. As pessoas perdem tempo, deixam de observar seus deveres, comprometem-se em desvios por correr demais nos arrastamentos da inconsequência.
Inexoravelmente, à medida que avança a quilometragem, desgasta-se o carro. É inevitável, dentro da programação biológica da raça humana, que se estende dos oitenta aos cem anos.
O depauperamento físico nos últimos tempos ajuda-nos a reduzir a velocidade, a conter o envolvimento com o imediatismo terrestre, preparando-nos para enfrentar o trânsito da morte.
No início ou no fim, imperioso sejamos sempre os condutores, sem excessos no princípio, nem desalento no fim.
O carro suporta por algum tempo os maus tratos, mas, se não tomarmos cuidado, enfrentaremos uma relação penosa conjugando corpo/espírito.
– O corpo vai mal. O espírito também.
Se formos motoristas cuidadosos, se não cometermos excessos, haveremos de manter o controle sobre o carro, ainda que desgastado pelo uso. Conservaremos o bom ânimo e a alegria, mesmo quando estejamos avançando com dificuldade nos últimos quilômetros da jornada.
Para tanto, basta sustentar, acima de tudo, o empenho de aprender, combater mazelas, participar das lides da caridade, ajudar o próximo, cumprir nossos deveres, valorizar de forma consciente e esclarecida as oportunidades de edificação.
Nem arrastamento no início, nem desolação no fim. Sempre bem o Espírito imortal. Bem no início, quando o corpo tem plenitude de vitalidade. Bem no fim, quando a máquina começa a ratear, anunciando que seu tempo útil está no fim.
Então poderemos repetir com Chico Xavier:
– O corpo vai mal. O espírito está ótimo!
Passo de Luz
Nas tribulações ou discórdias, recordemos a necessidade de certo donativo: o primeiro passo para o reajuste da harmonia e da segurança.
Isso significa para nós um tanto mais de amor, mesmo quando nos cerque a incompreensão.
Por vezes, o lar em tumulto reclama a tranquilidade, ante a discórdia entre pessoas queridas.
Em outras circunstâncias, são companheiros respeitáveis em conflito uns com os outros.
Em algumas situações, é o estopim curto da agressividade exagerada nesse ou naquele amigo, favorecendo a explosão de violência.
Noutros lances, é o tormento de algum coração nobre ferido, porque ainda tisnado pelo orgulho.
Recordemos a misericórdia que todos recebemos de Deus, a cada trecho da vida.
Aparece a aflição? – Mais compreensão.
Ocorrem prejuízos? – Trabalhemos com vigor.
Em todas as situações, nas quais o mal entreteça desequilíbrio, tenhamos a coragem do primeiro passo, em que a serenidade e o amor, a humildade e a paciência nos garantam de novo a harmonia do Bem.

Médium: Francisco Cândido Xavier
Espírito: Emmanuel
Livro: Coragem

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