quinta-feira, 16 de abril de 2015

O QUE AGUARDA O MAU POLÍTICO QUANDO REGRESSA À VIDA ESPIRITUAL?



Eles poderiam fazer o Bem a milhares de pessoas, mas prejudicam milhares em benefício próprio e de seus familiares.
Vejam um trecho do livro Esculpindo o Próprio Destino.
"O lugar não ajudava muito.
A conjugação fluídica desagradável produzia reações nauseantes em qualquer Espírito menos adestrado nos trabalhos de socorro às aflições humanas.
Várias salas, repletas de entidades desequilibradas acompanhando os vivos ali presentes.
Se analisados pelo estado mental em desequilíbrio, poder-se-ia dizer que o ambiente não diferia do de um sanatório. Espíritos enlouquecidos perambulavam por todos os lados, entrando em todos os compartimentos, procurando tocar nos humanos, gritando impropérios ou bradando maldições.
Se analisássemos o local pela leviandade dos presentes, poderiam os compará-lo a um mercado onde todos comparecem falando de seus interesses, comentando as frivolidades da vida e praguejando contra os sofrimentos e injustiças, entre piadas sussurradas e maldades proferidas com ares de respeito.
Não muito distante, entidade de aparência repulsiva se expressava sem pudores:
– Já chegou o seu ocupante da suíte presidencial? – gritava com o quem se via responsável pela organização de importante evento.
– Já chegou, já chegou... Está sendo preparado para entrar na suíte... – respondeu um outro, colocando a cabeça para fora da porta de pequeno quarto que dava acesso ao ambiente principal.
– Vamos logo, estamos todos esperando para assistir ao grande evento...
Os vivos no corpo jamais poderiam imaginar o que se passava ao seu redor.
E se a espera pela ocupação da chamada suíte presidencial era algo tão importante para aquela aglomeração de entidades viciosas e degeneradas, os demais compartimentos, já ocupados também, possuíam a sua plateia específica.
Raros se postavam em atitude de consideração adequada à circunstância.
Muitos Espíritos curiosos eram atraídos para o local, como a assistirem a um bizarro espetáculo que os divertiria um pouco, dando novo tempero às monótonas ocupações persecutórias do mundo invisível sobre o mundo visível.
Não tardou muito para que se completasse o quadro dantesco.
O alvoroço de uma verdadeira multidão de duendes, mendigos, homens e mulheres dilaceradas, espíritos perdidos na devassidão, todos a formar dois vastos cordões no meio do qual o verdadeiro e importante cortejo passaria em direção à chamada suíte presidencial. (...)
Enquanto isso, a suíte presidencial ia sendo ocupada por toda a multidão das entidades curiosas que não desejava perder os detalhes daquele verdadeiro espetáculo sob suas vistas.
No ambiente material, suntuosa em suas apresentações, as acomodações físicas da suíte correspondiam aos seus qualificativos. Flores em profusão guarneciam a entrada. O local era revestido de granito polido e, aqui e ali, se podiam observar os cuidados nos mínimos detalhes.
Diante dos olhos de todos estava o corpo físico de importante político da cidade, homem cuja vida fora marcada pelo discurso de honradez e correção, mas que, em realidade, encobria uma vida de desmandos, de crimes sórdidos, de corrupção indecente e toda sorte de delitos contra a honra e a dignidade do ser humano.
Tornara-se rico e poderoso naquela localidade para, logo depois, ao preço de alianças e interesses escusos, conchavos e ilegalidades, ganhar realce nacional.
Entretanto, nem sua riqueza material nem seus poderes políticos impediram que as forças da morte o arrastassem, colocando um fim em toda a longa série de equivocações e crimes mal disfarçados pelo manto da falsa dignidade. (...)
A “suíte presidencial”, como os espíritos inferiores se referiam à sala principal do prédio legislativo, fora, finalmente, ocupada pela principal estrela.
Aturdido e ainda preso ao corpo físico exposto ao olhar do povo, o espírito do referido homem público era digno de compaixão de todos os que ali o observavam, perdido diante da confusão no meio da qual se encontrava, já que o pobre não sabia discernir entre o que acontecia no plano material, nas homenagens e discursos ridículos que os homens corruptos se prestam uns aos outros mescladas à bacanal festiva que o recebia no ambiente espiritual, mistura de festival erótico, galhofa coletiva e manifestação de protesto violento, tendo a sua figura como ponto central.
Via-se-lhe o desejo de sair dali.
No entanto, os laços intensos que o prendiam ao corpo carnal ainda não permitiam a sua fuga. (...)
Aliado aos líderes religiosos mais importantes criara um sistema de trocas e apoios através do qual usava o Reino de Deus para conquistar o Reino dos homens.
Trocavam-se, dessa forma, os interesses. O político garantia aos sacerdotes o reino do mundo e estes lhe prometiam o Reino dos Céus.
Agora, no entanto, nem a presença das inúmeras autoridades eclesiásticas de diversos níveis hierárquicos era capaz de facultar o acesso do finado aos bens do Espírito, já que, contrariamente a todas as suas expectativas, o que via diante de seus olhos atônitos e amedrontados era a surreal cerimônia de duendes deformados e entidades fantasmagóricas misturadas aos encarnados de forma tão íntima, que ele não sabia dizer quem era Espírito e quem era corpo.
Seu coração estava estilhaçado pela surpresa, seu cérebro parecia explodir pela dor incessante e, segundo suas apressadas conclusões, somente o nada ou o desconhecido desesperador se abririam para ele.


Fonte: livro, Esculpindo o Próprio Destino 

Nenhum comentário:

Postar um comentário