quinta-feira, 17 de julho de 2014

RELACIONAMENTOS AMOROSOS E CAMINHO ESPIRITUAL


Quantos aqui já oraram pedindo um amor?
Não precisa muita reflexão, para descobrir que uma oração para se pedir um amor é transformar o amor em um objeto, um presente, algo que você recebe para sua satisfação.
Entretanto, amor é um sentimento.
E amar é um verbo.
Em nossos estudos sobre conscienciologia, nos deparamos com o conceito de “dupla evolutiva”. Seriam duas pessoas que pelo compromisso de evoluírem espiritualmente, fizeram a opção por caminhar juntas de forma a um apoiar a outra.
Em nossa sociedade, grande parte do que atrai um ao outro não é essa motivação.
Quantos não se aproximam de outra pessoa atraídos pela projeção de imagem que o outro lhe trará?
O raciocínio é mais ou menos esse:
 “Com esta pessoa, eu serei reconhecido como:
Mais sofisticado? Mais bonito? Mais confiante? Mais isso? Mais aquilo?”
E por outro lado, se afastaria que alguém que fizesse a pessoa se sentir “menos”.
Porque elas naturalmente dentro de si já se sentem “menos”. Logo, quebram o espelho por não gostarem do que veem.
Mesmo pessoas que vivem em um meio mais “espiritualizado” agem dessa forma: quando se começa a aprender os jargões do meio espiritual, passam todos a mostrarem “gratidão por isso ou por aquilo”, a fazer gestos de paz e escrever frases de compaixão.
Aprende-se a interpretar um personagem, pois as falas corretas já foram decoradas. Mas as ações – principalmente quando a relação já está terminada - mostram que não havia real respeito ou gratidão.
Em todos os casos acima e em muitos outros as associações são na verdade autointeressadas e muito condicionais, ou seja, dependem da sustentação de várias condições para que as pessoas permaneçam juntas.
A lógica central é: como o outro me serve?
Já leram que “se alguém foi que vá, pois alguém melhor aparecerá”?
Uma frase carregada de julgamento e que também ilustra a atitude autointeressada de quem está buscando o “amor”.
Esta frase rebaixa quem foi embora e tira a responsabilidade de quem “ficou” sobre a reflexão do fim da relação. O que se percebe? Um ego ferido se enganando e se vingando inconscientemente do outro que “o fez sofrer”.
Quanto autoengano.
Nada que no momento em que todos estiverem no plano espiritual já não fique claro a cada um a verdade sobre a real condição de cada um. Até lá, tudo que podemos ver são as máscaras que todos usam no dia a dia. Este dia chegará para todos.
Lemos recentemente uma brilhante peça budista sobre relacionamento amoroso e caminho espiritual que nosso coração pediu para compartilhar aqui.
Eis um trecho: “O amor compreende o outro. Esta ligado ao que temos a oferecer e não ao que temos a ganhar. É dito que ao conhecer e se desenvolver maestria dos potenciais naturais de nossa mente passamos a ter muito mais a oferecer aos outros e ao mundo. Há riqueza em um relacionamento que surge quando há confiança e regozijo nas coisas boas que se tem a compartilhar. Verdadeiro amor nos concede o potencial e interesse de explorarmos as qualidades e potenciais de nosso parceiro(a), mesmo que este potencial revele suas partes mais vulneráveis. Como o amor não é condicional, esta livre do interesse próprio e inclui o mundo do outro, as partes vulneráveis se tornam caminho de transformação, de aprendizado e evolução mútua. Esse olhar magnetiza nosso companheiro(a), atrai positivamente, guia e conduz. Nos direciona ao verdadeiro amor, a relações mais duradouras, estáveis e genuínas. A bondade amorosa nos capacita a acolher carinhosamente nosso amado (a), a nutri-lo oferecendo suporte para seu desenvolvimento, a magnetizá-lo e guiá-lo a direções positivas, a protegê-lo e orientá-lo e a partilhar da verdade das coisas e estar aberto a ouvir também sua verdade
Bom, amigos de caminhada, aqueles que estão esperando a chegada do Amor podem parar de esperar.
Ele já chegou.
O que não chegou ainda é nossa capacidade de amar.
E esta aspiração seria muito mais nobre de pedirmos em nossas orações.


 JIGME LHAWANG

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