terça-feira, 29 de abril de 2014

PESADELO E ESPIRITISMO




Os questionamentos sobre sono e os sonhos são uma constante em nossa página, embora o aspecto espiritual dos pesadelos ainda não tenha sido abordado. Como já dissemos (Sonhos: Sensações do fundo da alma), o corpo espiritual deixa o corpo físico durante o sono. Enquanto um descansa, outro serve-se da momentânea “liberdade” para interagir, aprender ou simplesmente vivenciar novas experiências. Sonhando, somos suscetíveis a impressões provenientes do espírito porque não estamos absorvidos por nosso consciente. Isto quer dizer que a maior parte de nosso controle está repousando, assim como nossa racionalidade. Portanto, é mais fácil captar impressões. No corpo espiritual, somos muito mais capazes de ver as pessoas queridas e nossos mentores e, eventualmente, prever eventos ou rever vidas passadas.
É também quando os espíritos de nossos familiares comunicam-se conosco. Por estarmos mais próximos dos níveis espirituais, quando sonhamos, torna-se, na verdade, mais fácil nos comunicarmos com os que já se foram. Contudo, muitos não lembram as visitas que receberam, ou lembram-se apenas de relances. Normalmente, nossos sonhos não fazem qualquer sentido. Recordar os sonhos requer prática e disciplina.
Você me relata a ocorrência de pesadelos constantes, nos quais se destaca a aflição e o medo. Embora questione sob o ponto de vista espiritual, é bom ressaltar que existem aspectos físicos e psicológicos na ocorrência de sonhos ruins e repetitivos. Quanto ao caráter físico, geralmente está relacionado a alguma disfunção digestiva, que pode ser investigada se você observar relação entre seus pesadelos e a alimentação noturna. No aspecto psicológico, há relatos de pessoas que se livraram de tais ocorrências fixando um pensamento em soluções previsíveis para os dramas enfrentados. Assim, uma jovem que sonhava frequentemente que caía num abismo, resolveu seu drama quando determinou mentalmente pedir ajuda a seu marido, que a salvava. E um jovem, que enfrentava animais lhe devorando, resolveu seu drama imaginando, quando acordado, situações em que se livrava dos bichos. Como vê, para alguns a solução está em resolver distúrbios do sono, para outros na prática de inteligência emocional.
Mas, e quanto ao quadro espiritual? Não se duvida da influência dos espíritos sobre nosso sono e assim desde época remota. A palavra ‘nightmare’, que em língua inglesa significa pesadelo dizia respeito, há quatrocentos anos, exatamente a um “demônio” (os incubus) que vinha e sufocava as pessoas enquanto dormiam. Através do Espiritismo, sabemos da inexistência de demônios ou diabos, mas sim da presença de espíritos, bons e maus, assim como vemos, entre nós, todos os dias, pessoas de boa ou má índole.
Sabemos, sim, que os pesadelos podem significar recordação de vidas passadas, esquecidas em nosso inconsciente ou a ação espiritual do encontro com outros espíritos. Geralmente, causam uma emoção perturbadora e forte aflição. Não há como diagnosticá-los objetivamente. Quando se relacionam a vidas passadas, comum é o desencavar de sentimentos ou sensações de experiências vividas, dramáticas ou violentas, que nos causam medo. Se você recordar os pesadelos, verá que são situações que se repetem e que demonstram um temor íntimo que voltem a ocorrer na vida presente.
O terapeuta Osvaldo Shimoda relata um quadro clínico resolvido por Terapia de Vidas Passadas (TVP). Uma jovem tinha pesadelos desde a infância, quando acordava chorando, sem lembrar-se da experiência que vivera em sonho. Queria entender também o porquê de sua mãe não confiar nela, querendo sempre controlar sua vida. Ocasionalmente era tomada também por uma tristeza profunda sem saber o porquê e uma impaciência e ansiedade constantes. Ao submeter-se à regressão contou passagem de vida anterior onde estava presa pelas pernas. Dizia: “Estou deitada no chão em um cômodo, as minhas pernas estão amarradas com cordas, presas a um barril. Foi a minha mãe que me prendeu. É a minha mãe da vida atual. É o mesmo olhar profundo (os pacientes costumam identificar as pessoas que estiveram com eles em suas vidas passadas através do olhar). Ela não quer que eu fique com o homem que amo. Ela tem medo de me perder, quer me ver sempre por perto. Amarrou-me para que eu não me encontrasse com ele”. Naquela época, a jovem faleceu antes de completar 20 anos e seu mentor espiritual observou que mãe, filha e o rapaz por quem se apaixonara teriam nova experiência juntos, numa encarnação futura. “Nós precisamos completar uma missão juntos”, disse a jovem, ainda em transe.
Ao fim de quatro sessões de regressão, a paciente disse que não tinha mais pesadelos. Aquela tristeza profunda que vinha do nada tinha passado também e estava bem mais calma. Não pensava mais em querer fazer tudo ao mesmo tempo para não ‘perder seu tempo’, pois entendera o porquê dessa ansiedade de querer viver. Eis aí um exemplo do que alguns chamam de “resgate”; um acerto de contas a que todos nos submetemos. Embora tenha particularmente restrições à TVP quando buscada como mera curiosidade, reconheço que é um instrumento eficaz quando trata de dramas encravados no inconsciente de uma vida anterior.
Não posso, infelizmente, determinar as causas de seus pesadelos. Podem ser um temor relacionado a uma experiência traumática de outra encarnação, como, também, a influência espiritual de seres que se ocupam de atormentar o sono de inocentes ou de pessoas que julgam culpadas ou ofensoras. Durante o sono, quando não suficientemente seguros ou esclarecidos, entramos em contato com seres que buscam o mal. Por isto, antes de dormir é conveniente que peçamos a Deus sua proteção para que possamos ter sonhos instrutivos e saudáveis.
Passe a cultivar o hábito de orar antes de deitar-se, dirigindo-se a Deus e aos seus espíritos protetores, pedindo força, discernimento e proteção durante a noite. E, na ocorrência de pesadelos, ao invés de buscar acordar para livrar-se do problema, busque (ainda que seja difícil) dirigir uma prece a Deus e aos mesmos espíritos bons, pedindo auxílio. Afinal, se há obsessores encarnados e desencarnados, não é menos verdade, como diz André Luiz no livro “Nos Domínios da Mediunidade”, que há protetores que nos ajudam e elevam e que igualmente participam de nossas experiências de cada dia. “É imprescindível compreender que, em toda a parte, acima de tudo, vivemos em espírito”, observa. Precisamos, então, dominar esta realidade e viver positivamente no bem para que contornemos nossas imperfeições, nossos medos e enfrentemos nossas dívidas. Pense que precisamos e temos toda a proteção necessária, mas que necessitamos fazer nossa parte para que os bons espíritos possam nos ajudar de maneira eficaz.


Fonte: Associação Espírita de Amor e Caridade André Luiz 

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