sexta-feira, 18 de abril de 2014

18 de Abril - Dia Nacional do Espiritismo



Em 18 de Abril de 1857 foi realizado o lançamento da primeira edição de "O Livro dos Espíritos" contendo 501 perguntas selecionadas e organizadas por Allan Kardec. Completando hoje 157 anos de seu lançamento.
Para retratar este marco tão importante para a Doutrina Espírita, reproduzo trechos da obra "O Livro dos Espíritos e sua tradição histórica e lendária" de Canuto Abreu, enfocando o lançamento "O Livro dos Espíritos" no ano de 1857 em Paris:
Quando os últimos convidados partiram, após onze horas, Gabi apagou as luzes do apartamento e recolheu-se logo ao leito, deixando RIVAIL no escritório, sentado à escrivaninha de carvalho, sob a luz bruxuleante duma vela. Ele apanhou um caderno, já em parte escriturado e com o título 'Memórias' e principiou a escrever: "Hoje, finalmente, 18 de abril de 1857, posso dizer que lancei a público o trabalho mais importante de minha vida pelo enorme benefício que, certamente, espalhará. E isto devo..." Susteve a pena por instante e, tirando da gaveta central um dossiê de couro marrom, bojudo de papéis escritos, desatou-o e foi rebuscando entre folhas soltas a comunicação que lhe viera à lembrança ao escrever 'devo'. Tinha esta nota à margem: "De ZÉPHIR, em 5 de janeiro de 1857, data em que entreguei o manuscrito d'O Livro dos Espíritos à Madame DENTU".
Evocando, mentalmente, o Espírito amigo que lhe dera, continuou a escrever após a palavra devo:
"... Em primeiro lugar a ti, caro Amigo, prezado Companheiro de outrora. Quero deixar aqui transcritas, em destaque, as tuas palavras":
"Mas qual! A VERDADE não será conhecida tão cedo, nem acreditada pela maioria antes que decorram muitos anos".
"Você não verá nesta existência senão a aurora do sucesso desta obra".
"Terá que voltar a Terra, reencarnado 'noutro corpo', para completar o que está apenas começando a fazer".
"Só então verá em plena messe os primeiros frutos da sementeira que 'O Livro dos Espíritos' vai espalhar pelo Mundo".
"Agora Você terá somente invejosos e competidores que procurarão denegri-lo e contradizê-lo. Não se desencoraje, porém! Nem se inquiete com o que disserem ou fizerem contra! Prossiga na tarefa! Continue incessantemente a trabalhar pelo progresso da Humanidade!"
"Enquanto perseverar na via do Bem, onde entrou, Você será sustentado fortemente pelos Espíritos bondosos e servos d’A Verdade".
"No começo do ano passado, prometi minha amizade aos que durante o curso dos Ensinos se portassem convenientemente em todas as circunstâncias. O ano acaba de findar. Quero cumprir a minha promessa, anunciando-lhe: 'Você foi o escolhido'".
RIVAIL apôs, em seguida, estas palavras:
Obrigado ainda uma vez caro Amigo. Não fiz mais do que o dever para ser digno de sua estima e da confiança de meu Guia. Se agi convenientemente, devo-lhe muito, prezado Irmão. Você guiou-me nos primeiros passos. Trouxe-me os primeiros instrutores. Apresentou-me ao Espírito VERDADE. Mostrou-me algumas páginas antigas de meu passado. E agora nesta mensagem fraternal ao fim de nosso curso, me desvenda um pouco do meu futuro. Obrigado por tudo, mil vezes obrigado! Creio, como Você, que não viverei bastante neste corpo já alquebrado, para ver o triunfo da verdade espírita. Ficarei satisfeito se puder resistir, como Você me anuncia, ao desenvolvimento germinativo da Filosofia que começamos a plantar hoje na Terra. A seara é de uns, a colheita é de outros. Assim diz o Evangelho. Mais de cem exemplares do O Livro dos Espíritos, já se foram neste primeiro dia, doados ou vendidos. Cada volume será um grão de vida nova lançado ao coração dum homem velho. Se algumas sementes caírem em corações 'maduros' haverá, por certo, gloriosas 'ressurreições' Mil e duzentas sementes da 'A VERDADE' serão lançadas no terreno da Opinião. Se uma só frondejar, nosso esforço não foi em vão. Você prometeu, no começo das Instruções, ajudar os que se esforçam. Sabe que esforcei. Rejubilo-me em ver que, também Você cumpriu a promessa de 'estimar' os que se esforçam. Guardarei como preciosa a sua estima... Está ouvindo? O relógio soa meia-noite. Sinto alguém alertar-me em surdida. Adeus caro Amigo!
RIVAIL fechou a pasta de couro marrom sobre o caderno escrito e, levantando-se, ouviu uma voz:
— Até logo, Amigo!
— Até breve, respondeu ele.
E, de castiçal em punho, rumou para o leito, na ponta dos pés, para não despertar Gabi.
O Livro dos Espíritos e sua tradição histórica e lendária - Canuto Abreu

Abaixo a imagem da Galeria de Valois, no Palais Royal, local de lançamento de O Livros dos Espíritos em 18 de abril 1857.


Na Galerie d'Orléans (do séc. XIX) ficavam as livrarias de Dentu (n 13) do editor E. Dentu que publicou a primeira edição O Livro dos Espíritos e a Ledoyen (n 31), que editaram várias das obras espíritas de Kardec. O Palais Royal é importante edifício histórico situado ao lado do Louvre. Foi construído pelo Cardeal Richelieu no século XVII. Suas elegantes galerias externas, que circundam o jardim (Montpensier, de Beujolais e de Valois), foram mandadas construir por Louis-Philippe d'Orléans, na segunda metade do século seguinte.

E após destacada a importância desse trabalho de Kardec juntamente com os Espíritos envolvidos no projeto de divulgação do Mundo Maior para a humanidade, e dada à relevância da data, foi escolhido o dia 18 de Abril como o Dia Nacional do Espiritismo, instituído pelo projeto de lei número 291/2007.

"Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”.
"Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade”.


O Espírito da Verdade, Paris, 1860
Fonte: Espiritismo Sem Medo 

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