terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ENQUANTO PODES


"Tu, porém, por que julgas teu irmão? e tu, por que desprezas o teu? pois todos compareceremos perante o Tribunal de Cristo." - Paulo. (Romanos, 14:10.)

         O questionamento apostólico tem como objetivo fazer com que cada um reflita nas próprias condições.
         Da mesma forma que outrora, é comum ao homem moderno deter-se destacando as imperfeições alheias. Estamos sempre prontos a apontar, a ressaltar, a divulgar as mazelas, os aspectos ruins de todos e de tudo. "Sempre encontramos motivos para a ofensa, a recriminação, a transferência de culpas, para depreciar a movimentação alheia, para rebaixar o outro".
         Destacando este aspecto, não estamos criticando ou desconsiderando a capacidade do ser humano de analisar, perquirir, identificar o erro quando e onde ele exista, uma vez que essa habilidade, desenvolvida ao longo das oportunidades reencarnatórias, não é um mal, pelo contrário, é uma ferramenta e como tal precisa ser bem utilizada para que traga proveito, benefício.
         Como pode ser isso?
         Toda vez que uso o discernimento e analiso as atitudes do outro, seus desacertos, desequilíbrios e tiro disso experiências para as recomposições pessoais, saio do simples julgar, para os aprendizados em que cresço analisando as repercussões das variadas respostas que o outro colha. Tal atitude representa a ação de Espíritos amadurecidos. Na juventude, não acontece tal ação. Imaturo, a duras penas paga-se o preço da inexperiência que ensinará na dor, a que se aprenda mais tarde analisando a semeadura e a colheita do próximo, lendo ali lições, convites para que o mesmo engano não nos surpreenda em vigilante. Desse modo aplica-se o engano alheio como instrumento de correção pessoal a fim de não estimular a negligência, a conivência com o erro, e não unicamente para ressaltar o lado sombrio e difícil de pessoas e coisas.
         Emmanuel reflete que cada um deve perceber-se como criatura que também caminha de mãos dadas com erros e dificuldades, pois "almas imaculadas não povoam ainda a Terra"; faz-nos ver a necessidade e urgência do trabalho pessoal em desenvolver qualidades essenciais à convivência em sociedade, à própria paz e ao progresso geral. Quais são essas qualidades? A indulgência, o entendimento, a paciência e a bondade para com todos "que se enganaram sob a neblina do erro, para que te não faltem à paciência e a bondade (…) a que te arrimarás no dia em que a sombra te ameace o campo das horas." Dentro desse programa educativo, mesmo percebendo os enganos nos quais o outro se detém e usando-os para crescimento pessoal o grande desafio (segundo Ermance Dufaux) consiste em “estarmos afetivamente focados no “lado” bom, nas qualidades, nos instantes bem sucedidos de alguém, conquanto tenhamos (…) possibilidades de perceber-lhe as imperfeições e mazela”. Continua dizendo que "Compreender, estimular, perdoar, reconhecer valores alheios, dividir responsabilidades, apoiar, ser afetuoso (…) é muito mais trabalhoso". Conquanto seja trabalhoso é preciso investir nas qualidades necessárias ao progresso e elevação, que em síntese representarão a libertação de cada um.
         Jesus é o padrão. Onde O vemos em destaque ao mal?
         Conclui Emmanuel: 
         ”Auxilia, enquanto podes”.
         Ampara quanto possas.
         Socorre, quanto possível.
         Alivia quanto puderes.
         Procure o bem, seja onde for.
         E, sobretudo, desculpa sempre, porque ninguém fugirá ao exato julgamento na Eterna Lei."
Bibliografia:
§  Oliveira,Wanderley S. "Laços de Afeto: Caminhos do Amor na Convivência". Ditado pelo Espírito Ermance Dufaux. 3a ed. Belo Horizonte - MG - Editora INEDE. 2002.
§  Xavier, Francisco Cândido. "Palavras de Vida Eterna: Enquanto Podes". Ditado pelo Espírito Emmanuel. 17a ed. Uberaba - MG - CEC . 1992.

Iracema Linhares Giorgini

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