terça-feira, 24 de setembro de 2013

APTIDÃO DOS MÉDIUNS



Os Espíritos só têm a linguagem do pensamento; não dispõem da linguagem articulada, pelo que só há para eles uma língua. Assim sendo, poderia um Espírito exprimir-se, por via mediúnica, numa língua que Jamais falou quando vivo. Essa língua do pensamento todos a compreendem, tanto os homens como os Espíritos. O Espírito_errante, quando se dirige ao Espírito encarnado do médium, não lhe fala francês, nem inglês, porém, a língua universal que é a do pensamento. Para exprimir suas ideias numa língua articulada, transmissível, toma as palavras ao vocabulário do médium.

Se é assim, só na língua do médium deveria ser possível ao Espírito exprimir-se. Entretanto, é sabido que escreve em idiomas que o médium desconhece. Aí parece haver uma contradição. Entretanto, nota, primeiramente, que nem todos os médiuns são aptos a esse gênero de exercício e, depois, que os Espíritos só acidentalmente a ele se prestam, quando julgam que isso pode ter alguma utilidade. Para as comunicações usuais e de certa extensão, preferem servir-se de uma língua que seja familiar ao médium, porque lhes apresenta menos dificuldades materiais a vencer.

A aptidão de certos médiuns para escrever numa língua que lhes é estranha pode ser da circunstância de lhes ter sido familiar essa língua em outra existência e de haverem guardado a intuição dela. Mas não constitui regra. Com algum esforço, o Espírito pode vencer momentaneamente a resistência material que encontra. É o que acontece quando o médium escreve, na língua que lhe é própria, palavras que não conhece.
Uma pessoa analfabeta poderia escrever como médium. Mas é fácil de compreender-se que terá de vencer grande dificuldade mecânica, por faltar à mão o hábito do movimento necessário a formar letras. O mesmo sucede com os médiuns desenhistas, que não sabem desenhar.

Um médium de pouca inteligência poderia transmitir comunicações de ordem elevada. Pela mesma razão por que um médium pode escrever numa língua que lhe seja desconhecida. A mediunidade propriamente dita independe da inteligência, bem como das qualidades morais. Em falta de instrumento melhor, pode o Espírito servir-se daquele que tem à mão. Porém, é natural que, para as comunicações de certa ordem, prefira o médium que lhe ofereça menos obstáculos materiais. Acresce outra consideração: o idiota muitas vezes só o é pela imperfeição de seus órgãos, podendo, entretanto, seu Espírito ser mais adiantado do que o julguem. Tens a prova disso em certas evocações de idiotas, mortos ou vivos.

NOTA. Este é um fato que a experiência comprova. Por muitas vezes temos evocado idiotas vivos que hão dado patentes provas de identidade e responderam com muita sensatez e mesmo de modo superior. Esse estado é uma punição para o Espírito, que sofre com o constrangimento em que se vê. Um médium idiota pode, pois, oferecer ao Espírito que queira manifestar-se mais recursos de que se supunha.
A poesia é uma linguagem. Eles podem escrever em verso, como podem escrever numa língua que desconheçam. Depois, é possível que tenham sido poetas em outra existência e, como já te dissemos, os conhecimentos adquiridos jamais os perde o Espírito, que tem de chegar à perfeição em todas as coisas. Nesse caso, o que eles hão sabido lhes dá uma facilidade de que não dispõem no estado ordinário.

O mesmo ocorre com os que têm aptidão especial para o desenho e a música. O desenho e a música também são maneiras de se exprimirem os pensamentos. Os Espíritos se servem dos instrumentos que mais facilidade lhes oferecem. A expressão do pensamento pela poesia, pelo desenho, ou pela música, às vezes, depende da aptidão especial do médium, às vezes, do Espírito. Os Espíritos superiores possuem todas as aptidões. Os Espíritos inferiores só dispõem de conhecimentos limitados.

Nem sempre um homem de extraordinário talento numa existência já não o tem na existência seguinte, pois que muitas vezes ele aperfeiçoa, numa existência, o que começou na precedente. Mas, pode acontecer que uma faculdade extraordinária dormite durante certo tempo, para deixar que outra se desenvolva. E um gérmen latente, que tornará a ser encontrado mais tarde e do qual alguns traços, ou, pelo menos, uma vaga intuição sempre permanecem.

Fontes:
Livro: "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec;
Romeu Leonilo Wagner, Belém, Pará.
Rede Amigo Espírita.

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