quarta-feira, 17 de julho de 2013

O ANJO BOM



Dois anos de surras incessantes. 

Dois anos vivera o Chico junto da madrinha. 

Numa tarde muito fria, quando entrou em colóquio com Dona Maria João de Deus, Chico implorou: 

- Mamãe, se a senhora vem nos ver, porque não me retira daqui? 

O Espírito carinhoso afagou-o e perguntou: 

Por que está você tão aflito? Tudo, no mundo, obedece à vontade de Deus... 

- Mas a senhora sabe que nos faz muita falta... 

A Mãezinha consolou-o e explicou: 

- Não perca a paciência. Pedi a Jesus para enviar um anjo bom que tome conta de vocês todos. 

E sempre que revia a progenitora, o menino indagava: 

- Mamãe, quando é que a anjo chegará? 

- Espere, meu filho! - era a resposta de sempre. 

Decorridos dois meses, a Sr. João Cândido Xavier resolveu casar-se em segundas núpcias. 

E Dona Cidália Batista, a segunda esposa, reclamou os filhos de Dona Maria João de Deus, que se achavam espalhados em casas diversas. 

Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico. 

Quando a criança voltou ao antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos...

Dona Cidália abraçou-o e beijou-o com ternura a perguntou: 

- Meu Deus, onde estava este menino com a barriga deste jeito? 

Chico, encorajado com o carinho dela, abraçou-a também, como o pássaro que sentia saudades do ninho perdido. 

A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou: 

- Você sabe quem sou, meu filho? 

- Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou... 

E, desde então, entre os dois, brilhou a amor puro com que o Chico seguiu a segunda mãe, até a morte.

Chico Xavier

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