quinta-feira, 20 de junho de 2013

SOBRE A NOSSA FAMÍLIA



É empolgante a marca da Providência Divina no seio das existências humanas.

No sentido de proporcionar apoios e socorros, cooperações e ensinamentos, prepara o Criador o grupo de companheiros que chegarão ao mundo corporal nas malhas da familiaridade consanguínea.

Sabemos que, segundo as condições do nosso mundo, as relações familiares não são as assinaladas pela perfeita harmonia, tendo-se em vista que, num campo de episódios relativos ao estágio provacional, as estruturas familiares devem estar submetidas a essa realidade.

Deste modo, são aproximados para a convivência doméstica, nas várias situações de parentesco, espíritos que são simpáticos no bem ou simpáticos nos equívocos; seres que se amam profundamente ou que começam a amar-se; outros, ainda, que se abominam, presos pelas intenções divinas de libertá-los de suas deficiências na vivência em comum — intenções de que eles tenham esmerilhados os antagonismos, dissipadas as malquerenças, desfeitas as mágoas, transformados os ódios.

Desde os cônjuges que se ajudam nos passos do crescimento aos irmãos que reforçam os laços ternos das almas; desde os afins que se estimam e vibram com os bons sucessos recíprocos aos afetos que se valorizam e incentivam entre si. Desde esposos que se estranham aos irmãos que se agridem; desde filhos que se perturbam nos vales escuros da teimosia irracional aos afins que se toleram a custo, tudo isto forma painéis das vivências de inumeráveis grupos familiares.

Aparecem queixas diversas sobre familiares que se mostram atenciosos e cordatos com pessoas fora do lar, mas que são indiferentes ou ásperos com os membros de casa.

Surgem reclamações sobre familiares que estão sempre prontos a aparentar grandezas, com presentes e gastos com os de fora, enquanto que se fazem sovinas e coercitivos com os parentes no lar.

É na estrutura da família que cada um aprende o melhor para o seu progresso definitivo.

É na família que encontramos o cadinho especial no qual o fogo das lutas, o atrito das lides, o lixar das diferenças vão aperfeiçoando seus pares, que passam a obter conquistas difíceis e vitórias impensadas. É onde as bênçãos do crescimento individual se estabelecem sob o patrocínio da boa vontade.

Por mais complicado que se mostre o quadro da sua família terrena, ainda que se sinta atado a forte processo de graves reajustamentos, ainda quando perceba que as suas energias se esgotam no fragor das batalhas internas, e que tudo pareça conspirar contra a sua alegria doméstica, jamais se entregue ao desespero, nunca se perca no descaminho da rebelião.

Creia que o Pai Criador que vos uniu não comete enganos, e que por isso você está no contexto ao qual faz jus, com as almas com as quais precisa exercitar-se para a definitiva instalação do bem no grupo.

Honre-se com a chance que tem de estar vinculado ao seu grupo familiar; rejubile-se por ter a cabeça afagada pelas mãos enternecidas de sua mãe; vibre confiante pela presença paterna, ativa e vigilante, na estrada por onde trilha; aprenda a retirar boas lições para a sua vida, através das várias diferenças dessa alma que o Senhor lhe ofereceu na pele de irmão carnal, guardando a certeza de que, apesar de todas as pelejas difíceis que vive a equipe doméstica, foi Deus que permitiu a união de todos, em razão das vivências mais ou menos distanciadas no tempo pretérito que tiveram.

Acerte-se com a própria consciência, a fim de comungar com as supremas leis do Criador. Verifique onde tem sonegado a atenção ao lar ou a partir de onde se tem feito cruel com os que o amam, ou, pelo menos, o servem, esforçando-se por modificar essas indesejáveis posturas.

Desenvolva seus sentimentos de bem-querer dirigidos aos seus familiares. E, mesmo quando sinta que se mostra difícil maior aproximação emocional com alguns deles, confiante na ação do tempo que Deus lhe dá e no fortalecimento dos seus recursos morais, aprenda a desculpar, a compreender, a servir, aplainando os caminhos do amor verdadeiro para com eles, do mesmo modo que espera que cada um deles aja em relação a si.

Seja a convivência luminosa ou difícil, amorosa ou fria, calma ou exasperada, não se esqueça de que é o grupo familiar que você merece.

Compreenda a sua família, ainda que com esforços, a fim de que você, observando bem que ela é, saiba compreender-se a si mesmo, percebendo quem você é, porque está vinculado (a) a ela, e de que experiências pretéritas você vem.

Meditação: Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. 

Mas, pode também acontecer que sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.

 (Cap. XIV, item 8, 2º parágrafo – ESE (Evangelho Segundo o Espiritismo).
Joanes
Por Raul Teixeira
Da obra: Para uso Diário.

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