sábado, 1 de junho de 2013

Céu e Inferno Íntimos


Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas. 
 - Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno. 
 O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, lhe disse: 
 - Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável. 
 - Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe. 
 O samurai ficou enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva. 
 Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge. 
 - "Aí começa o inferno", disse-lhe o sábio mansamente. 
 O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno. 
 O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento. 
 O velho sábio continuou em silencio. 
 Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz. 
 Percebendo que seu pedido era sincero, o monge lhe falou: 
 - "Aí começa o céu". 
 Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir na própria intimidade. 
 Tanto o céu quanto o inferno, são estados de alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia. 
 A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno. 
 É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros. 
 Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior. 
 Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância. 
 Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança. 
 Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão. 
 Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da confiança. 
 Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da resignação. 
 Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz. 
 A decisão depende sempre de nós mesmos. 
 Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo. 
 Portanto, criar céus ou infernos portas à dentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós. 
 Pense nisso! 
 Sua vontade é soberana. 
 Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave. 
 Preservá-la das investidas das sombras e abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você. 
 Pense nisso!
 


Autor:
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em conto popular.

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