sábado, 1 de junho de 2013

A MISSÃO ESPIRITUAL DO BRASIL



Perguntas/Respostas:

Qual é a história de Ismael, chefe espiritual maior de nosso país, e como se originou sua ligação com o mesmo? 

As informações que se têm são as trazidas por Humberto de Campos, no seu livro "Brasil..." Realmente, somente por esta fonte confiável é que se tem a notícia de que Ismael seria o guia espiritual do Brasil. Seria ele um dos antigos trabalhadores citados na Bíblia. 
Como relacionar a miscigenação inicial das raças no Brasil com um planejamento espiritual? O elemento indígena, o elemento negro e o elemento europeu fazem parte de algum tipo de planejamento espiritual pré-descobrimento? 
Não se tem certeza dessa opinião. Humberto de Campos, novamente ele, nos diz que Ismael teria planejado esta miscigenação, para tornar o povo brasileiro mais sensível a mudanças e capaz de entender as diversidades. Lembramos que esta tese é de um espírito, mas muito lógica, uma vez que permitiu, realmente, que no Brasil não houvesse um clima racial forte. Claro que sabemos que existe discriminação entre os seres, mas será antes uma discriminação partida de pessoas, não de uma raça. A esse propósito, lembro que Zamenhof começou a estudar a criação de uma língua universal porque na cidade em que ele nasceu e viveu, durante muitos anos, conviviam os povos poloneses, alemão, russo, judaico e os nativos do lugar, que não se consideravam poloneses. Eram, portanto, cinco povos discutindo entre si, cada um em sua língua, querendo dizer a mesma coisa. Também trago como informação que os esperantistas europeus, várias vezes, perguntam por que o Brasil tem interesse no Esperanto, uma vez que o país tem uma única língua e o povo tem uma união racial. 
Sabemos que o Brasil possui um papel predominantemente religioso na formação moral do planeta, tendo como base o tripé "Deus, Cristo e Caridade" que, na verdade, se trata de uma estrutura que todos os habitantes da Terra precisam assimilar para evoluir. Como, então, exercer um papel mais atuante, no sentido de divulgar as verdades espirituais, num mundo onde mal sabem que a capital do Brasil, o 48º país mais visitado, não é Buenos Aires e que não consegue se associar à Pátria Amada nada mais do que imagens de Carmem Miranda coberta de bananas, junto à praia, sol, samba e futebol? Como superar tais dificuldades? O exemplo de conduta de nosso povo, resignado e trabalhador, consegue ecoar por si só como propaganda cristã no mundo? 
Realmente, de um ponto de vista geral, o Brasil é considerado com esse estereótipo. Mas pode-se dizer que as cabeças pensantes do mundo já não consideram o Brasil como a Pátria das Bananas. Aos poucos, vamos saindo, nós mesmos, brasileiros, desta imagem de povo submisso e sem autoestima. O mesmo acontece no campo do Espiritismo. Em minhas viagens ao exterior, fico espantado com a qualidade e a quantidade de trabalhos e trabalhadores nos países que visitei. Por sua vez, eles ficam espantados com o fato de nós os visitarmos para conhecê-los. Um deles disse-me que eu ia buscar a experiência deles, entretanto, eles viam em nós, espíritas do Brasil, criaturas que tinham tanto, que eles chegavam a nos "invejar". Desse modo, entendo que, à medida que nós formos desenvolvendo nossa autoestima e capacidade de dizer a que viemos, realmente poderemos ser vistos de outro modo. 
Em relação aos escravos que vieram da África para trabalhar no Brasil, a que tipo de imperativo espiritual eles obedeciam? Muitas vezes, espíritos denominados "preto-velhos" se nos mostram muito cultos e esclarecidos; inclusive na obra "Loucura e Obsessão" (Divaldo Franco / Manoel Philomeno de Miranda) há essa colocação e o relato de um caso. Que tipos de espíritos o Brasil recebeu pelas mãos dos negros, em seu seio? 
Os escravos eram apenas mão de obra para o dominador português, passando a ser, também, mão de obra para o empresário brasileiro. Dizem os espíritos que alguns dos que vieram para o Brasil eram europeus reencarnados na condição de escravos, para virem ao Brasil e desempenhar um papel importante, ao mesmo tempo em que quitavam suas provas. Mas não se deve entender que todos os escravos que vieram para cá eram espíritos europeus em prova; muitos deles eram, realmente, ligados ao continente africano e com baixo índice cultural-espiritual. Vemos isto naqueles escravos que, realmente, nada trouxeram para o país, senão sua mão de obra. 
Que tipo de macrodivulgação espírita podemos adotar a nível mundial? Seriam diplomatas e militares potencialmente capacitados a contribuir com seu quinhão? E o cidadão do povo, um comum como nós, o que pode fazer para corresponder à responsabilidade que tem nosso país perante a tarefa de evangelização do mundo? 
Janet Duncan, espírita brasileira, radicada na Inglaterra, nos trouxe subsídios para este fim. Com a visão europeia da difusão doutrinária, ela nos disse, entre outras coisas, que para o europeu comum não se fala, por exemplo, na palavra Deus, e sim em "força suprema", "foco criador" e assemelhados. Isso porque o europeu, em sua maioria, não acredita muito na visão dada pela Igreja Católica acerca de Deus e do mundo do além. O brasileiro, quando vai à Europa, precisa ter bastante cuidado ao falar para os espíritas europeus. A visão "religiosa" que temos do Espiritismo não agrada, também, de um modo geral, ao espírita europeu. Somente quando se fala para espíritas brasileiros radicados na Europa é que se tem uma liberdade maior. Para mim, vejo pelas poucas visitas que já fiz a outros países que o ideal é falar de filosofia espírita e de mediunidade, e assim mesmo de mediunidade psicográfica. Acredito que eles se sentirão mais à vontade em receber esse tipo de informação.
Querido mano Altivo! Em que bases podemos considerar legítimo - do ponto de vista estritamente doutrinário - o livro "Brasil - Coração do Mundo, Pátria do Evangelho"? Não se trata de uma obra antes mística, que espírita de fato? 
Humberto de Campos escreveu muitos livros espiriticamente corretos. Ficamos achando que o "Brasil..." também seja um livro espiriticamente correto, com toda certeza. Descontemos o misticismo que se encontra no livro e fiquemos com as informações que nos possam ajudar a entender o Espiritismo e a missão do Brasil. 
Além de Pedro II e a família do Segundo Reinado, quais outros conhecidos personagens da História brasileira desenvolvem trabalhos expressivos desde o plano espiritual a nosso favor? Como e onde o fazem, por exemplo? 
Padre Manuel da Nóbrega como Emmanuel é o mais conhecido. Temos notícia que José Bonifácio também estaria ajudando o Brasil. Há informações de que Juscelino Kubitscheck seria a reencarnação de D. Pedro I e Tancredo Neves a reencarnação de Visconde de Barbacena, que teve papel preponderante na Inconfidência Mineira. Podemos imaginar que os políticos do Primeiro e Segundo Reinados estejam reencarnados no Brasil, tentando resgatar as suas falhas políticas daquela época. Quem não se lembra, com emoção, da assinatura feita pelo presidente Fernando Henrique do tratado que criou o MERCOSUL, unindo os países que estiveram envolvidos na guerra do Paraguai? Lembro a esse respeito que o Brasil, na época, não era, militarmente falando, o país mais forte, mas era, realmente, o país mais potente e, por isso mesmo, teve um papel importante naquela guerra. Podemos imaginar que o Brasil moderno está "devolvendo" àqueles países o que ele destruiu, retirou e até mesmo dominou. Se você perceber, a Usina de Itaipu foi quase que totalmente construída pelo Brasil; metade da energia que Itaipu produz é do Brasil e a outra metade do Paraguai, que não utiliza quase nada da energia produzida e que a vende de volta para o Brasil. Não estaremos "devolvendo" ao Paraguai aquilo que destruímos dele? 
Meu querido presidente gostaria de saber se estas coisas horríveis que estão vindo à tona em nosso país, essas "podridões" estão aparecendo por obra e apoio dos espíritos que encabeçam a nossa pátria? 
Não. Isto é falha do homem mesmo. Lembra-se de que eu falei que muitos políticos do Primeiro e Segundo impérios estariam reencarnados no Brasil, tentando resgatar suas atitudes? Muitos deles estão repetindo os mesmos erros. 
Até que ponto os eventos da escravatura no Brasil e da carnificina que executamos na Guerra do Paraguai atrapalham nossa missão enquanto nação brasileira? Teremos nesses dois fatos históricos, adquirido um carma enquanto país? 
Certamente. A escravidão, estamos pagando um duro preço com as favelas, os assaltos praticados por aqueles de quem tiramos tudo, e temos um enorme contingente de pessoas ainda não capacitadas para enfrentar a realidade moderna, além de termos um enorme grupo de pessoas em cidades do interior, onde se vê que elas são incapazes de produzir qualquer sinal de progresso. A guerra do Paraguai nos trouxe carmas como já descritos com a Usina de Itaipu e outros mais, que nem mesmo neste momento poderemos citar. 
Como ver o Brasil como coração do mundo nos dias de hoje, quando temos tantos problemas sociais? 
O Brasil é um país em transformação, que vai custar a resolver todos os seus problemas sociais, por conta do aumento populacional. O Canadá, um dos países mais ricos do mundo, tem o tamanho do Brasil, um pouco mais, um pouco menos, e tem uma população de, no máximo, 30 milhões de pessoas. Sua maior cidade, Toronto, tem apenas 2 milhões de pessoas. Há tanto dinheiro lá e tão pouco nascimento, que o governo canadense oferece alimentação infantil gratuita a quem tiver filhos (alimentação até um ano de idade). Como nós temos uma população muito grande, a renda do país realmente fica mal dividida. As leis ainda favorecem a uma minoria. Daí a má divisão de riquezas. Mas, você já imaginou se a nossa riqueza estivesse bem dividida, como nós estaríamos bem de vida? Para você ter uma ideia do tamanho do Brasil, a companhia espanhola que comprou a TELESP, disse que saberia administrá-la muito bem, porque eles já tinham experiência adquirida na Argentina. Sabe por quê? Porque toda a telefonia da Argentina (país) tem o tamanho da telefônica de um estado do Brasil, São Paulo. 
Seria isso (coração do mundo) apenas pelo formato geográfico? 
Não se pode deixar de observar esse verdadeiro "capricho" da Natureza, fazendo o Brasil um grande coração. Cabe a nós, espíritas, como seres habitantes do Brasil, desenvolver este coração imenso, de um ponto de vista espiritual. 
Não seria pretensão nossa julgarmos que cabe aos espíritas essa missão espiritual? Não parece mais tratar-se de uma missão dos religiosos, principalmente com base no Evangelho? (Pátria do EVANGELHO?) 
Seria de todos os religiosos do Brasil e devemos chamá-los a todos para o cumprimento dessa missão. Mas a verdade é que ao espírita está reservada a tarefa de ir à frente de todos. Em uma publicação do Instituto Superior de Religiões, órgão católico, vê-se que em uma pesquisa feita no município do Rio de Janeiro, as instituições espíritas estão à frente de todas as outras instituições religiosas na prática da assistência social. Assim, estamos realmente servindo de exemplo e modelo. 
O Livro de Humberto de Campos fala do transporte da árvore do Evangelho da Europa para o Brasil. Podemos considerar que esta árvore pode ser transplantada para outro local no planeta? 
Se o Brasil falhar em sua missão, certamente que Deus não terá preferência pelo país. Você pode imaginar que o Brasil tem o maior contingente de espíritas do mundo. Esses espíritas vieram de onde, senão da Europa, forjados por Kardec, Denis, Del Anne e outros? A facilidade com que as pessoas aceitam o Espiritismo, naturalmente falo daquelas que aceitam que compreendem etc., indicam uma experiência anterior. Assim, entendemos que esta árvore já veio transplantada do velho continente para o Brasil. Por que não poderá ser transplantada para outro lugar, se o Brasil falhar em sua missão? 
Como você explicaria a missão espiritual do Brasil, tendo em vista a franca expansão de igrejas reformadas em nossos dias? 
Sabemos que não primam pela análise e pela razão. Ao contrário, seus esforços estão mais voltados à fé cega e ao testemunho. Isso sem falar nas motivações materiais! Tais religiões estão apenas evangelizando os espíritos que estão associados a elas. Na verdade, podemos entender que tais espíritos estejam recebendo, talvez, as primeiras notícias formais sobre Jesus. Não estão ainda na condição de perceber um Cristo superior, nem tampouco de pertencer a uma religião que prima pelos conceitos espiritualistas. Neles predomina a fé cega, não a raciocinada, como é trazida aos espíritas. De qualquer modo, o espírita não deve se preocupar com a ascensão dessas igrejas que, na verdade, funcionam como elemento catalisador dos espíritos ainda "grosseiros". Mais tarde, eles mesmos compreenderão que Jesus não é aquele que lhes foi apresentado, e sim aquele superior ser capaz de nos amar a todos. Por outro lado, entendo que os Centros Espíritas estão tendo um desafio, ou seja, apresentar a uma massa quase ignorante acerca do Cristo, que o Cristo pode ajudá-los a elevar-se. 
Você considera que o movimento espírita, tal como está hoje estruturado, contribui efetivamente para o cumprimento da missão espiritual do Brasil? 
Sim, desde que os Centros Espíritas procurem sempre atualizar o meio e o modo de falar de doutrina para as pessoas. Não é mudar a doutrina, mas o meio e o modo de falar. Vemos, por exemplo, oradores que se utilizam de técnicas mais atualizadas de exposição, atingindo um público mais jovem, por exemplo. Temos os cursos, como um grande meio de divulgação da doutrina. E temos o passe magnético tão bem aplicado que faz com que pessoas, mesmo as mais resistentes, sintam que houve melhoras em seu estado íntimo "psíquico" após um período de tratamento. 
Divulgar a Doutrina Espírita no seu tríplice aspecto, ressaltando seu caráter religioso, não seria a grande contribuição do movimento espírita do Brasil ao mundo para que a doutrina de consolação, sobretudo, não seja considerada de forma extremamente racional? 
Entendemos que a forma religiosa é a mais importante, por consolar as pessoas nos seus momentos de dor, tanto quanto a forma filosófica atende as pessoas que não sofrem, mas que querem entender o que se passa entre elas. Assim, esses aspectos somados atendem a todas as classes de pessoas, em seus diversos momentos de vida. 



Altivo Pamphiro / Rio de Janeiro
11/06/1999 

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